Trabalham menos e produzem mais: a semana de quatro dias já chegou a esta empresa francesa
Uma empresa de tecnologia de consumo aumentou o volume de negócios anual em 40%, sem contratar pessoal extra, depois de deixar o seu pessoal trabalhar apenas quatro dias. “Regressa-se ao trabalho depois do dia de folga muito mais descansado, e operacionalmente mais eficiente.”
Quando Laurent de la Clergerie decidiu deixar o seu pessoal trabalhar apenas quatro dias, mantendo o mesmo salário, sabia que estava a correr o risco de prejudicar a rentabilidade. “Algumas pessoas acharam que era louco”, diz o director da empresa francesa LDLC.
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Quando Laurent de la Clergerie decidiu deixar o seu pessoal trabalhar apenas quatro dias, mantendo o mesmo salário, sabia que estava a correr o risco de prejudicar a rentabilidade. “Algumas pessoas acharam que era louco”, diz o director da empresa francesa LDLC.
Mas um ano depois, diz que aconteceu o contrário: a empresa, que vende tecnologia de consumo, aumentou o volume de negócios anual em 40% sem contratar pessoal extra.
O segredo, diz ele, é que os cerca de mil trabalhadores se sentem confiantes e apreciados, e por isso são mais produtivos. “No fim de contas, trouxe apenas coisas boas para a equipa”, conclui o empresário de 51 anos.
À medida que o mundo emerge de uma pandemia que levou muitas pessoas a reavaliar o seu equilíbrio entre o trabalho e a vida pessoal, empresas e trabalhadores de todo o mundo perguntam se, tal como na empresa de Laurent de la Clergerie, poderiam trabalhar menos.
A Microsoft deu aos seus 2.300 empregados sediados no Japão as sextas-feiras de folga em 2019, e disse que viu a produtividade aumentar 40%. O grupo Unilever começou um teste da semana de quatro dias de trabalho com os trabalhadores da Nova Zelândia. A empresa espanhola de telecomunicações Telefonica experimentou uma semana de quatro dias para 10% da sua força de trabalho doméstica.
Johann Peters, que trabalha numa das lojas da LDLC perto da sede, num subúrbio de Lyon, sudeste de França, usa o dia extra de folga para ir ao supermercado fazer as compras semanais. Leva depois a sua filha, Melissa, de 9 ano, ao treino de ténis.
“Regressa-se ao trabalho depois do dia de folga muito mais descansado, e operacionalmente mais eficiente”, afirma.
Ainda antes de levar a cabo esta mudança, Laurent de la Clergeri fez as contas e percebeu que, mesmo no pior dos cenários, aumentaria os custos de mão-de-obra, no máximo, 1,5 milhões de euros por ano. Concluiu que se tratava de um risco controlável.
Desde então, diz que o absentismo e as licenças por doença diminuíram, e que a empresa não teve de contratar novas pessoas para compensar a redução das horas de trabalho.
Embora a semana de quatro dias não tenha sido a única causa, Laurent de la Clergerie diz que contribuiu para um salto no volume de negócios de cerca de 500 milhões de euros antes da mudança para perto de 700 milhões de euros (769,86 milhões de dólares).
Celine Henniaux, uma jovem de 36 anos que trabalha num dos centros de distribuição da empresa, não quer voltar atrás. “Não, não”, diz. “Ganhamos o gosto de ter um dia de folga durante a semana”.