Quatro agentes da PSP agredidos fora de serviço em discoteca de Lisboa. Um está em estado crítico
Polícias foram agredidos por grupo de dez pessoas quando tentavam parar confrontos à porta de uma discoteca na Avenida 24 de Julho, em Lisboa. Há falta de polícias fardados e armados perto dos locais de diversão nocturna, considera o presidente da Associação de Discotecas Nacional.
Quatro agentes da Polícia de Segurança Pública (PSP) que estavam fora de serviço foram agredidos este sábado no exterior de uma discoteca na Avenida 24 de Julho, em Lisboa, quando tentaram parar confrontos. Um dos polícias encontra-se em estado grave.
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Quatro agentes da Polícia de Segurança Pública (PSP) que estavam fora de serviço foram agredidos este sábado no exterior de uma discoteca na Avenida 24 de Julho, em Lisboa, quando tentaram parar confrontos. Um dos polícias encontra-se em estado grave.
A situação aconteceu pelas 6h30, quando se deram “agressões mútuas entre vários cidadãos”, de acordo com um comunicado do Comando Metropolitano de Lisboa (Cometlis) da PSP. Ocorrem no exterior da discoteca Mome, segundo fonte da PSP citada pela Lusa. Os quatro polícias fora de serviço intervieram no conflito “como era sua obrigação legal, para tentar colocar termo às agressões”.
Face à intervenção, um dos grupos envolvidos nas agressões, com “cerca de dez pessoas”, atacou os agentes.
“Durante a acção policial, um dos polícias foi empurrado e caiu ao chão, onde continuou a ser agredido com diversos pontapés enquanto os restantes polícias continuavam também a defender-se das agressões”, descreve a nota do Cometlis, que refere ainda que os agressores se colocaram em fuga.
Os quatro elementos foram encaminhados para o hospital, com o que sofreu mais agressões a estar em estado crítico, “a lutar pela vida”. A CNN Portugal avança que foram assistidos no Hospital de S. José, em Lisboa, e que o polícia em estado crítico está em coma.
A PSP refere que a ocorrência está a ser investigada em conjunto com a Polícia Judiciária para identificação dos elementos do grupo. As agressões “podem configurar a prática de crime de homicídio na forma tentada”.
Foi disponibilizado acompanhamento psicológico aos polícias envolvidos no incidente, assim como aos familiares. No comunicado, a PSP apela também à adopção de “comportamentos ordeiros e que evitem confrontos e agressões” por parte daqueles que frequentam espaços de diversão nocturna.
A discoteca Mome lamentou em comunicado as agressões, sublinhando que ocorreram na via pública e não envolveram qualquer colaborador seu.
“Em virtude da infeliz situação de hoje, ter ocorrido na via pública, nas imediações da discoteca Mome, vimos lamentar, desde já, o sucedido. Reiteramos que nenhum colaborador da discoteca esteve envolvido na ocorrência e que estamos, naturalmente, a colaborar com as autoridades no sentido de apurar e identificar os responsáveis”, lê-se no comunicado.
A ministra da Administração Interna, Francisca Van Dunem, já exprimiu, em comunicado, a sua solidariedade para com os polícias, em especial com o agente que está em coma. Urge que os agressores destes actos “intoleráveis” e de extrema “brutalidade” sejam responsabilizados, apela.
Sindicato de chefes da PSP pede justiça eficaz
O Sindicato Nacional da Carreira de Chefes (SNCC) da PSP expressou este sábado solidariedade com os quatro agentes agredidos e pediu que os autores das “bárbaras agressões” sejam identificados e levados à justiça.
O SNCC refere que, nestes momentos, “os corações e as preces” dos seus associados estão com o colega gravemente ferido e com a sua família e manifesta a certeza de que os “autores materiais destas bárbaras e gratuitas agressões serão devidamente identificados e levados à justiça”. Quanto ao futuro imediato, o SNCC salienta que “amanhã, o momento será o de exigir mudanças”, pois não se pode “continuar a normalizar a violência contra profissionais das forças de segurança”.
Contactado pela Lusa, também o presidente da Associação Sindical dos Profissionais da Polícia (ASPP), Paulo Santos, “lamentou profundamente” que tenha ocorrido “mais uma situação” de violência contra polícias, pedindo à PSP que divulgue “toda a informação sobre o ocorrido”.
Pediu igualmente que a justiça actue de “forma célere e assertiva” no apuramento das responsabilidades criminais dos autores das agressões e ajude a “evitar novos episódios semelhantes”.
Falta de policiamento e de “estratégia"
Para o presidente da Associação de Discotecas Nacional (ADN), estas agressões são resultado de uma “ausência de estratégia” no que diz respeito à segurança nos locais de diversão nocturna.
Em declarações à Lusa, José Gouveia critica a falta de policiamento - com polícias fardados e armados - perto de discotecas em zonas como o Cais do Sodré e as Docas de Santo Amaro. Isto apesar de ser frequente encontrarem-se depois numa operação auto-stop a um ou dois quilómetros de distância, acrescenta.
Há um crescente “desrespeito pela autoridade policial” que tem de ser compensado com um policiamento adequado, sublinha o presidente da ADN. Com Lusa