Afinal, onde está o Moedas!?
A surpreendente eleição de Moedas deixou sérias dúvidas sobre o seu verdadeiro conteúdo e significado para aqueles que se interessam por Lisboa.
Este podia ser o título de mais um livro sobre a procura desesperada do Wally, só que neste caso a busca tomaria lugar num contexto onde as multidões seriam substituídas pelo amontoado de urgentes desafios que aguardam pelo reaparecimento/ressurgimento desta personagem invisível e desaparecida, o Moedas.
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Este podia ser o título de mais um livro sobre a procura desesperada do Wally, só que neste caso a busca tomaria lugar num contexto onde as multidões seriam substituídas pelo amontoado de urgentes desafios que aguardam pelo reaparecimento/ressurgimento desta personagem invisível e desaparecida, o Moedas.
Estou à vontade para fazer esta pergunta, pois, durante anos escrutinei de forma crítica a dupla Medina/Salgado neste jornal.
A surpreendente eleição de Moedas, personagem retornada da Europa sobre uma auréola de “competência tecnocrática” e que exprimiu a sua motivação não em argumentos solidificados em longa, madura e reflectida experiência sobre os desafios de Lisboa, mas numa declaração de amor, ilustrada em vaguíssimas e avulsas observações, numa collage de tímidos sound bites, foi considerada como uma vitória política, mas deixou sérias dúvidas sobre o seu verdadeiro conteúdo e significado para aqueles que se interessam por Lisboa.
Como já tinha afirmado anteriormente: “Ficámos com a impressão de que ele constitui apenas o candidato de forças políticas moribundas, que assim e desesperadamente procuram um renascimento.”
Ora os cidadãos que Moedas procura desesperadamente, através de iniciativas anunciadas, eu já tive oportunidade de definir: “Estas forças, constituídas por grupos heterogéneos e flutuantes de cidadãos, unidos apenas por temas, mas com diferentes, variadas e pluralistas motivações e convicções, mantêm-se exteriores às definições de campos políticos.” Portanto, os cidadãos há anos activos à volta de temas como a Tapada de Ajuda, a Tapada das Necessidades, a ameaça de demolição de um edifício do sec. XVIII, inclusive com um interior único e insubstituível décor em chinoiserie (etc), são completamente indiferentes ao que se passa no PSD - e isto não porque são de “esquerda” ou de “direita”, mas porque consideram grave e insultuoso que estas questões, aparentemente, se sobreponham às urgentes necessidades de Lisboa.
Isto, com a agravante de que o presidente eleito é invisível e desaparecido e mais difícil de encontrar que o mítico Sebastião da neblina matinal.
Vivo numa cidade “moderna” e muito ligada a dinâmicas financeiras e hubs de que Moedas tanto gosta de propor. Assim esta cidade de Amesterdão vai brevemente para eleições municipais.
Convém informar que o alcaide de Amesterdão não é eleito, mas é nomeado pela Coroa. Assim o alcaide terá apresentado, pelo seu percurso, um perfil experiente e completo, através de provas dadas e experiência acima e independente das forças e partidos políticos.
Portanto, quem vai a eleições são os partidos políticos.
Ora as eleições são dominadas por uma necessidade imperativa de encontrar soluções para a espiral especulativa no imobiliário e garantir o direito constitucional à habitação.
Pela vontade explícita de controlar rigorosamente a Airbnb (que Moedas vê como um exemplo “moderno” de iniciativa juntamente com a Uber) e explicitamente recusar o turismo de massas.
Todos os aspectos erosivos e predadores do turismo de massas e os seus efeitos no tipo de lojas, na vida quotidiana e identidade local são expressamente reconhecidos em todos os programas políticos destas eleições. Amesterdão quer reposicionar-se na sua imagem internacional e libertar o seu centro da prostituição e droga.
Isto para não falar das preocupações ambientais. Amesterdão tem a mais completa e vasta rede de ciclovias da Europa.
Afinal, onde está o Moedas!?