Schwarzenegger diz ao povo russo que os seus líderes estão a mentir
O ex-governador republicano da Califórnia apela a Putin para que termine a guerra.
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Num vídeo, que dura quase dez minutos, o actor e ex-governador da Califórnia Arnold Schwarzenegger dirige-se ao povo russo para dizer que a informação que está a receber por parte dos seus líderes sobre o que se está a passar na Ucrânia não é verdadeira. E apela a Vladimir Putin para que termine a guerra.
Numa mensagem na rede social Twitter, dirigindo-se aos russos em inglês — as legendas estão em inglês e em russo —, a estrela de Hollywood, de 74 anos, afirma que o Kremlin mentiu intencionalmente sobre os argumentos para invadir a Ucrânia e que não há qualquer “desnazificação” para fazer num país cujo presidente é de origem judaica, lembrando que os ascendentes de Zelensky foram mortos pelos nazis.
É com respeito e num tom de confidência que Arnold Schwarzenegger se dirige aos russos, começando por recuar até ao tempo em que tinha 14 anos e conheceu o seu herói, o halterofilista Yuri Petrovich Vlasov (1935-2021), em Viena, Áustria. Então, o atleta russo, nascido na Ucrânia, tornou-se o herói do jovem Arnold, para desgosto e desconforto do seu pai, com quem discutia, que lhe pedia para arranjar um herói austríaco ou alemão e tirar o cartaz do halterofilista que tinha no quarto.
Schwarzenegger lembra que o pai lutou no exército nazi e foi ferido em Leninegrado. Conta o impacto que a guerra teve na sua saúde física e mental, recorda, dirigindo-se directamente aos soldados russos que estão a lutar na Ucrânia, a quem não foi dita a verdade — a alguns foi-lhes dito que iam lutar contra nazis, a outros que iam ser recebidos como heróis, outros acreditaram que iam salvar russos e outros que iam fazer exercícios militares —, diz-lhes que estão numa guerra “sem sentido”, condenada pelo mundo. Conta-lhes da culpa que o pai sempre sentiu.
E lamenta informar que não só há grandes perdas de material militar como milhares de soldados russos já morreram desde 24 de Fevereiro, quando começou a invasão. “Foram apanhados entre os ucranianos que lutam pela sua pátria e o poder russo que luta por uma conquista.” Dirigindo-se à cúpula reunida no Kremlin, pergunta: “Por que estão a sacrificar os vossos jovens pelas vossas ambições?” E, por fim, falando directamente para Vladimir Putin diz: “O senhor começou esta guerra, está a comandá-la, tem o poder para acabar com esta guerra.”
“Esta não é a guerra do povo russo”, continua, lembrando que 11 milhões de russos têm ligações familiares à Ucrânia, logo, este é um conflito fratricida. “Cada bala que disparam, estão a matar um irmão ou uma irmã”, por isso, apela aos soldados para que compreendam que caíram na propaganda do seu governo e pede-lhes que o ajudem a “espalhar a verdade”, para que todos os russos saibam da “catástrofe humanitária” que está a ocorrer na Ucrânia.
O republicano, que começou a sua carreira no culturismo e ganhou prémios de Mr. Universe e Mr. Olympia, alcançou a fama mundial em filmes de acção e, neste vídeo, recorda as visitas à Rússia, onde conheceu os seus fãs, lembra que participou no primeiro filme ocidental que foi filmado na Praça Vermelha, em Moscovo, reafirma o seu respeito pela “força, coragem e coração” dos russos para lhes dizer que não sabem toda a verdade. Dirige-se-lhes com a mesma preocupação com que falou com os norte-americanos aquando da invasão do Capitólio, a 6 de Janeiro do ano passado, que pôs em risco a democracia americana, diz. “Há momentos como estes que são tão errados que temos de erguer a nossa voz.”
“A Ucrânia não começou esta guerra, nem nacionalistas ou nazis. Os que estão no poder, no Kremlin, é que começaram esta guerra”, denuncia, lembrando a resolução das Nações Unidas, em que todos os países, à excepção de quatro, condenaram esta invasão. “Isso é um facto.” Explica que o mundo se virou contra a Rússia porque o seu exército ataca civis, as suas casas, escolas e hospitais, incluindo uma maternidade. Denuncia que há uma crise humanitária, com três milhões de refugiados que fugiram para os países vizinhos. “Por causa da sua brutalidade, a Rússia está isolada”, continua, justificando por que estão a sofrer as mais fortes sanções económicas. “Aqueles que não merecem, dos dois lados da barricada, vão sofrer”, lamenta.
Esta é a maior invasão da Europa desde a Segunda Guerra e com o corte de acesso a vários sites, canais e meios de comunicação social, desconhece-se que informação têm os russos sobre o que se passa na Ucrânia, daí esta mensagem de Arnold Schwarzenegger, que termina com uma palavra aos russos que se têm manifestado contra a invasão, conscientes das pesadas consequências que podem sofrer — centenas de pessoas foram despedidas por assinarem petições contra a guerra, milhares têm sido presas, interrogadas, condenadas a pagar multas ou a penas de prisão. “O mundo testemunhou a vossa coragem”, diz. “Vocês são os meus novos heróis”, elogia, acrescentando que são como Yuri Petrovich Vlasov: “Vocês têm a sua força. Vocês têm o verdadeiro coração da Rússia. Meus queridos amigos russos, que Deus vos abençoe.”