Um casal no chão de Pasolini, onde a vida é mais suja e mais real
No centenário do nascimento do seminal autor italiano, Nuno M Cardoso estreia Orgia no Teatro Viriato, em Viseu – seguindo-se datas em Guimarães, Lisboa, Matosinhos e Almada. Albano Jerónimo e Beatriz Batarda são um casal à procura de fugir ao dia e à domesticação.
É sabido que, em caso de incêndio, se aconselha a que se tente respirar junto ao chão, onde o ar é mais limpo. Mas na encenação que Nuno M. Cardoso concebeu para Orgia, texto de Pier Paolo Pasolini, os corpos cedem à gravidade e procuram fugir à trituradora ideológica junto ao chão, onde a vida é mais suja – logo, mais real. Albano Jerónimo e sobretudo Beatriz Batarda, o casal no centro da peça, arrastam-se por entre toneladas de argila, num espaço circular, que sugere um lugar ritual.
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É sabido que, em caso de incêndio, se aconselha a que se tente respirar junto ao chão, onde o ar é mais limpo. Mas na encenação que Nuno M. Cardoso concebeu para Orgia, texto de Pier Paolo Pasolini, os corpos cedem à gravidade e procuram fugir à trituradora ideológica junto ao chão, onde a vida é mais suja – logo, mais real. Albano Jerónimo e sobretudo Beatriz Batarda, o casal no centro da peça, arrastam-se por entre toneladas de argila, num espaço circular, que sugere um lugar ritual.