Portugal sem registo de casos de gripe das aves em humanos, diz INSA

Os vários focos de infeção detectados em aves selvagens, domésticas e a nível industrial “foram controlados” e não foi detectada a passagem do vírus influenza H5N1 ao homem, diz a investigadora Raquel Guiomar.

Foto
Há 14 focos de gripe em aves domésticas, entre os quais em explorações comerciais de perus, galinhas e patos Diogo Ventura/PÚBLICO

Portugal não tem registo de nenhum caso de gripe das aves em humanos e os focos de infecção em animais estão controlados, disse à Lusa a investigadora do Instituto Nacional de Saúde Ricardo Jorge (INSA) Raquel Guiomar.

A verdade faz-nos mais fortes

Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.

Portugal não tem registo de nenhum caso de gripe das aves em humanos e os focos de infecção em animais estão controlados, disse à Lusa a investigadora do Instituto Nacional de Saúde Ricardo Jorge (INSA) Raquel Guiomar.

Em entrevista à agência Lusa no Laboratório Nacional de Referência para o Vírus da Gripe e outros Vírus Respiratórios do INSA, Raquel Guiomar adiantou que os vários focos de infeção detectados em aves selvagens, domésticas e a nível industrial “foram controlados” e não foi detectada a passagem do vírus influenza H5N1 ao homem.

“Em 2021 e 2022, apenas foi documentado um caso [de contágio humano] pelo Reino Unido em que essa transmissão se deu devido a um contacto prolongado e muito próximo com as aves infectadas”, relatou a responsável pelo laboratório, que desde 1953 integra as redes de vigilância da gripe da Organização Mundial da Saúde e do Centro Europeu de Prevenção e Controlo das Doenças.

Segundo dados divulgados na quarta-feira pela Direção-Geral de Alimentação e Veterinária (DGAV), Portugal contabiliza desde 30 de Novembro, quando foi confirmado o primeiro caso numa capoeira doméstica no distrito de Setúbal, 20 focos de gripe das aves e perto de 230.000 animais já foram abatidos.

Entre estes, incluem-se 14 focos em aves domésticas, entre os quais em explorações comerciais de perus, galinhas e patos, uma colecção privada de aves e capoeiras domésticas, bem como seis focos em aves selvagens.

O INSA, em colaboração com o Instituto Nacional de Investigação Agrária e Veterinária, está a participar “no diagnóstico da gripe aviária na parte humana”, ou seja, em pessoas que tiveram contacto com aves infectadas pelo vírus influenza H5N1.

Como é um vírus de “alta patogenicidade”, o controle da transmissão nas aves “é muito importante para limitar qualquer possibilidade de transmissão ao homem”, disse Raquel Guiomar no laboratório que tem como objectivos principais identificar e caracterizar os vírus influenza em circulação e detectar vírus emergentes com potencial pandémico, como o H5N1.

“Por isso é que a vigilância é tão importante, não só em vírus que circulam de forma epidémica todos os anos, mas também para vigiar casos raros e vírus que são altamente patogénicos, quer para as aves, quer para o homem, para que possam ser rapidamente diagnosticados numa situação que constitui também uma emergência em saúde pública”, sustentou.

A virologista explicou que é nas aves se podem encontrar a maior variedade de vírus da gripe, sendo que muitos deles só circulam entre diferentes populações de aves e diferentes espécies.

“Esta detecção de aves infectadas pelo vírus da gripe ocorre normalmente na época do ano em que as aves fazem os seus percursos migratórios e isso está a ocorrer agora a nível da Europa”, explicou.

A investigadora adiantou que têm sido já detectadas aves infectadas pelo vírus influenza H5N1 em diferentes países, mas disse ser uma situação rara.

Já tinham sido detectados outros vírus influenza em aves, nomeadamente o H5N6 e o H5N8, “com maior ou menor intensidade, dependendo da circulação das aves selvagens que, através dos seus excrementos, vão infectando o meio ambiente e podem eventualmente transmitir a aves domésticas ou mesmo em explorações”, explicou Raquel Guiomar.

A DGAV tem vindo a apelar a todos os detentores de aves para que cumpram as medidas de biossegurança e boas práticas de produção avícola, reforçando também os procedimentos de higiene das instalações, equipamentos e materiais.