Tony Conrad, na margem das margens, sempre no tempo certo
O músico determinante do minimalismo e do noise. O cineasta revolucionário. O artista múltiplo, o activista empenhado, o sátiro consequente. A Culturgest acolhe a primeira retrospectiva em Portugal da sua obra e, nela, Tony Conrad brilha.
Um mês antes de morrer em Abril de 2016, aos 76 anos, Tony Conrad dava a sua última entrevista. Nela, falou dos Theater of Eternal Music/Dream Syndicate, nome mítico do minimalismo e da música experimental, onde o encontrávamos ao lado de LaMonte Young ou John Cale, falou do cinema radical que criara e de filmes como The Flicker, recebido em 1966 como inauguração de uma nova era do cinema, ou da série Yellow Movies dos anos 1970, filmes potencialmente eternos desenrolando-se muito lentamente, tinta barata a secar no ecrã desenhado em papel de cenário. Falou do álbum Outside the Dream Syndicate, gravado em 1972 com os alemães Faust, momento decisivo para gerações futuras de pós-rockers, noise-rockers e exploradores da electrónica, e falou daquela que considerava uma das suas maiores obras, criada nos anos 1990: um programa televisivo, num canal local de Buffalo, a cidade do estado Nova Iorque onde viveu várias décadas, em que ajudava crianças de contextos desfavorecidos nos seus trabalhos escolares.