Coitados de nós, sem o Jorge
Em tudo o que fazia pertencia a essa estirpe dos “passeurs”, aqueles que carregam os seus amores e as suas predilecções, como mensageiros de um tempo remoto, para os depositar à nossa frente, e depois é connosco, pegamos no testemunho ou não pegamos. Com o Jorge, pegávamos sempre.
Ele não precisava de nenhum anjo Clarence como precisou o James Stewart no filme do Capra, mas, “quand même”, a primeira coisa a pensar quando se pensa no Jorge Silva Melo é na quantidade de coisas que não existiriam se ele não tivesse existido. Os grupos de teatro que não se teriam formado, as peças que não se teriam encenado, os filmes que não se teriam feito, os textos que não se teriam escrito, os livros que não se teriam publicado, os actores que não se teriam lançado, os pensamentos que não se teriam partilhado – e os gostos, as paixões, que não se teriam transmitido, saltado de uma geração para outras, transportado do século passado para este.
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Ele não precisava de nenhum anjo Clarence como precisou o James Stewart no filme do Capra, mas, “quand même”, a primeira coisa a pensar quando se pensa no Jorge Silva Melo é na quantidade de coisas que não existiriam se ele não tivesse existido. Os grupos de teatro que não se teriam formado, as peças que não se teriam encenado, os filmes que não se teriam feito, os textos que não se teriam escrito, os livros que não se teriam publicado, os actores que não se teriam lançado, os pensamentos que não se teriam partilhado – e os gostos, as paixões, que não se teriam transmitido, saltado de uma geração para outras, transportado do século passado para este.