Mulher grávida e bebé morrem após ataque à maternidade de Mariupol
A mulher, já no final da gravidez, ficou gravemente ferida na sequência do ataque das tropas russas à maternidade de Mariupol. Apesar dos esforços dos profissionais de saúde, mãe e filho não sobreviveram.
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Uma das fotografias que correram a Internet após o ataque russo a uma maternidade em Mariupol, a 9 de Março, mostra uma mulher no final da sua gravidez, ferida, a ser transportada numa maca entre os escombros do edifício. Foi, então, transferida de urgência para outro serviço pediátrico, com uma hemorragia intra-abdominal. Ao chegar, novo diagnóstico: luxação da anca e esmagamento da pélvis. Timur Marin, cirurgião responsável, explicou que os médicos realizaram uma cesariana, mas o bebé já não mostrava sinais vitais. Ao aperceber-se de que o feto nascia morto, a mãe gritou: “Matem-me já!”, relatou Marin à Associated Press (AP).
AP images of a pregnant woman being rushed to an ambulance after Russia bombed a maternity hospital in Mariupol where she was meant to give birth shocked the world. @AP has learned that the woman and her baby have died.https://t.co/yZPZwgbLz8
— The Associated Press (@AP) March 14, 2022
Os esforços para salvar a mãe também não foram suficientes. “Mais de 30 minutos de manobras de reanimação não geraram resultados”, contou o cirurgião no passado sábado. O nome da mulher só foi descoberto mais tarde, quando o marido e pai do bebé foi ao hospital identificar e reclamar os corpos.
A comunicação com quem está em Mariupol é cada vez mais difícil. Com as linhas telefónicas, rede móvel e acesso à Internet cortados, a Associated Press é uma das poucas agências de notícias ainda capazes de informar sobre o que acontece na cidade do Leste ucraniano.
O ataque russo a esta maternidade em Mariupol provocou, pelo menos, 17 feridos e três mortos, numa cidade cercada, sem água, comida ou electricidade. Os hospitais e profissionais de saúde têm sido um alvo particular. Desde que começou a ofensiva militar russa, estão confirmados 18 ataques a instalações médicas, disse a Organização Mundial de Saúde.
“Estávamos deitadas quando as janelas e paredes rebentaram”
A Rússia nega o ataque à maternidade de Mariupol e afirma que as imagens divulgadas são fake news — embora existam vídeos, fotografias e testemunhas e até o relato de uma influencer ucraniana, que foi depois acusada de ser uma actriz paga.
Marianna Vishegirskaia ficou ferida, mas sobreviveu ao bombardeamento. No dia seguinte, deu à luz uma menina, Veronika. “Estávamos deitadas nas enfermarias do hospital quando vidros, caixilhos, janelas e paredes rebentaram”, disse à AP, ainda a usar o mesmo pijama que vestia no dia do ataque.
Ainda assim, a Rússia insistiu: as fotografias estariam manipuladas, Marianna seria uma actriz contratada para a encenação do ataque à maternidade. O representante russo nas Nações Unidas, Vasili Nebenzia, levou a sua versão da história ao Conselho de Segurança da ONU: os radicais ucranianos teriam tomado o hospital pediátrico, expulsando civis e recusando-se a colaborar.
Sergii Kislitsia, embaixador ucraniano na ONU, apresentou as primeiras fotos da bebé e respondeu de forma simples: “A Marianna deu à luz uma menina saudável, o seu nome é Veronika, e aqui está com o pai.”
Putin is set to leave Council of Europe after rights at its governing bodies suspended. Russia hadn’t to be invited to join COE in middle of Chechen war in the 1st place Complacency w/RU under guise of protection of its population imminently led to genocide of Ukrainians by Putin pic.twitter.com/FMhuKwr45J
— Sergiy Kyslytsya (@SergiyKyslytsya) March 10, 2022