Bomba russa explodiu a 700 metros da mesquita de Mariupol, que não foi atingida

Presidente ucraniano disse que a mesquita do Sultão Soleimão tinha sido atingida e que mais de 80 pessoas tinham morrido. Presidente da associação da mesquita garante que não, mas que os 86 turcos continuam à espera de sair da cidade sitiada.

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Uma zona residencial de Mariupol atingida pelos bombardeamentos russos Armed Forces of Ukraine/Handout via REUTERS

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No meio da arrasada cidade de Mariupol, que os russos atacam e bombardeiam desde o princípio da guerra há duas semanas, desespera-se pela abertura de um corredor humanitário que todos os dias se promete e todos os dias acaba atacado pelas forças russas. Entre aqueles que esperam por uma oportunidade estão 86 civis turcos, entre eles, crianças, da comunidade local, mas que felizmente não terão morrido quando se abrigavam na mesquita Sultão Solimão, como se temeu depois da notícia avançada pelo Governo ucraniano.

“A mesquita do Sultão Solimão, o Magnífico, e da sua mulher Roxelana, em Mariupol, foi bombardeada pelos invasores russos. Mais de 80 adultos e crianças estão lá abrigados para fugir aos bombardeamentos, incluindo cidadãos da Turquia”, escreveu o Ministério dos Negócios Estrangeiros na sua página oficial do Twitter.

A dita informação era dúbia, porque não falava em mortos pelo ataque, mesmo assim, correu mundo pelos media e pelas redes sociais. No entanto, segundo o empresário Ismail Hacioglu, presidente da associação da mesquita – cuja construção foi financiada por um empresário turco local, Salih Cihan, director do Mercado Central de Mariupol –, o edifício inaugurado em 2007 não foi atingido por nenhum bombardeamento.

“Os russos estão a bombardear a região de Peshanka, que fica a 2 km da mesquita, e uma bomba caiu a 700 metros” do edifício e não directamente sobre ele, escreveu Hacioglu no Instagram. As 86 pessoas que lá estão abrigadas continuam a aguardar a oportunidade de sair da cidade, mas até agora todas as promessas de abertura de um corredor humanitário para retirar os civis da cidade martirizada não têm sido cumpridas pelas forças russas.

“Há dias que os russos não permitem a passagem da coluna de ajuda humanitária e a evacuação para a área de controlo russo de maneira a salvar 86 cidadãos turcos de Mariupol”, escreveu o presidente da Associação da Mesquita Magnífica. “Estão dois autocarros junto à estação de comboios para retirar os cidadãos turcos, um deles com um representante nosso que conhece bem a região”, mas até agora não foi possível realizar a operação.

A cidade portuária no Mar de Azov, com quase 450 mil habitantes, tem vivido sob constante bombardeamento desde o início da invasão e as forças russas impedem a chegada de alimentos, água e medicamentos e os civis encurralados entre as bombas e o mar nem sequer conseguem enterrar os mortos.

Um jornalista da Associated Press foi testemunha de tanques a dispararem directamente contra um edifício de apartamentos de nove andares e de um grupo de profissionais de saúde de um hospital a serem alvos de um franco-atirador na sexta-feira. Um dos profissionais ficou ferido na anca, mas sobreviveu. As condições no hospital estão a deteriorar-se a cada dia que passa e a electricidade que ainda existe está reservada para as salas de operações.

Este sábado, os militares ucranianos afirmaram que as forças russas capturaram os subúrbios a leste de Mariupol, apertando ainda mais o cerco sobre a cidade que se cair permitirá à Rússia estabelecer um corredor desde território russo até à península da Crimeia que ocupou em 2014.