Chega impõe “lei da rolha” aos deputados

À semelhança do que aconteceu no PSD em 2020, sob a liderança de Rui Rio, também o Chega condicionará as respostas dos deputados à “luz verde” da assessoria do partido.

Foto
O Chega quer garantir que não há vozes dissonantes agora que a representação parlamentar cresceu LUSA/NUNO ANDRÉ FERREIRA

O Chega deu orientações aos seus 12 deputados eleitos para não falarem com a comunicação social sem autorização da assessoria de imprensa, para garantir que o partido (que cresceu nas últimas eleições) fala a uma só voz, escreve o jornal Observador. “Tem de passar tudo pela Patrícia”, é a frase repetida pelos deputados contactados pelo jornal, seja para obter declarações seja para entrevistas dos deputados.

A verdade faz-nos mais fortes

Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.

O Chega deu orientações aos seus 12 deputados eleitos para não falarem com a comunicação social sem autorização da assessoria de imprensa, para garantir que o partido (que cresceu nas últimas eleições) fala a uma só voz, escreve o jornal Observador. “Tem de passar tudo pela Patrícia”, é a frase repetida pelos deputados contactados pelo jornal, seja para obter declarações seja para entrevistas dos deputados.

Patrícia Carvalho, vogal da direcção e assessora do Chega desde 2019, que era jornalista no Notícias ao Minuto e nessa condição assinou diversas notícias sobre o partido e o seu líder, será a responsável por centralizar a comunicação do partido. Segundo o Observador, a decisão foi oficializada numa reunião que incluiu os deputados e a assessora, depois de ser sugerida pela própria.

Assim, os deputados passam a não poder responder por escrito ou falar directamente com os jornalistas – ficando dependentes da autorização do gabinete de assessoria.

A decisão surge depois de o deputado e ex-vice presidente do partido, Diogo Pacheco Amorim, ter afirmado em entrevista à rádio Observador ​que os portugueses têm uma cor: “A nossa cor, nós de origem… a nossa cor de origem é a cor branca, todos nós sabemos” e “a nossa raça é a raça caucasiana”.

A declaração de Pacheco Amorim foi sucedida da afirmação de outro dirigente, o também deputado eleito Pedro Pinto, que sobre essas declarações assumiu que “não iria tão longe”, embora defendendo que a nacionalidade portuguesa deveria ser reconhecida apenas a quem nascer em Portugal.

O partido tem sofrido várias saídas e dissidências e esta decisão deverá tentar travar que a tendência se reproduza no Parlamento, onde André Ventura espera ter “mão firme” nos eleitos, escolhidos por serem do círculo próximo do líder.

A decisão não é inédita. Um exemplo recente aconteceu no PSD, que em 2020 viu o seu líder, Rui Rio, enviar aos deputados um email em que dava instruções para que os contactos dos deputados com jornalistas fossem “sempre efectuados de forma articulada através da assessoria de imprensa”, liderada pela assessora Florbela Guedes.