Quase metade dos desempregados conseguiu voltar a trabalhar em 2021

Instituto Nacional de Estatística revela ainda que um terço dos trabalhadores que estavam em situação precária em 2020 passou a ter contrato permanente em 2021.

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Em 2021, apenas 7,7% das pessoas empregadas conseguiram mudar de emprego Rui Gaudêncio

Quase metade das 350,8 mil pessoas que estavam desempregadas em 2020 - o ano que marca o início da pandemia de covid-19 - encontrou emprego em 2021, enquanto um terço continuou sem emprego e cerca de 20% transitou para a inactividade. Os dados foram divulgados nesta quarta-feira pelo Instituto Nacional de Estatística (INE) que, pela primeira vez, publica dados relativos aos fluxos anuais entre emprego, desemprego e inactividade.

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Quase metade das 350,8 mil pessoas que estavam desempregadas em 2020 - o ano que marca o início da pandemia de covid-19 - encontrou emprego em 2021, enquanto um terço continuou sem emprego e cerca de 20% transitou para a inactividade. Os dados foram divulgados nesta quarta-feira pelo Instituto Nacional de Estatística (INE) que, pela primeira vez, publica dados relativos aos fluxos anuais entre emprego, desemprego e inactividade.

“Do total de desempregados ao longo de 2020, 31,3% (109,6 mil) permaneceram nesse estado um ano após (em 2021), enquanto 48,8% (171,3 mil) transitaram para o emprego e 19,9% (69,9 mil) transitaram para a inactividade”, refere o INE.

Esta transição do desemprego para o emprego entre 2020 e 2021 foi mais fácil para os desempregados que estavam nessa situação há menos tempo. Entre os desempregados de curta duração (até 11 meses) registados em 2020, 57,2% (133,8 mil) conseguiram voltar ao mercado de trabalho, enquanto apenas 32,1% (37,5 mil) dos desempregados de longa duração transitaram para a situação de empregados.

A análise feita pelo INE mostra também que um terço dos trabalhadores precários em 2020 conseguiu um vínculo mais estável. Ou seja, 35,6% dos trabalhadores por conta de outrem que, em 2020, tinham um contrato a termo ou outro tipo de vínculo precário, transitaram para um contrato sem termo no ano seguinte.

Trata-se, sublinha o instituto, da percentagem mais elevada de transição entre a precariedade e um vínculo laboral permanente desde 2012. Já a percentagem mais baixa foi registada em 2013, ano marcado pela presença da troika em Portugal e em que apenas 22,6% dos trabalhadores precários conseguiram um contrato permanente.

Quando se olha para a situação das pessoas que, estando empregadas, mudaram de trabalho no último ano, 2021 mostrou ser um ano marcado por algumas dificuldades. O rácio de trabalhadores que conseguiram mudar de emprego no ano passado foi de 7,7%, abaixo dos 8,7% registados em 2020 e o valor mais baixo desde 2014 (ano em que apenas 7,2% das pessoas conseguiram mudar de emprego).

Em termos trimestrais, do total de pessoas que estavam desempregadas no terceiro trimestre de 2021, mais de metade (52,8% ou 168,2 mil pessoas) permaneceram nesse estado no quarto trimestre, enquanto 27,1% (86,5 mil) transitaram para o emprego e 20,1% (64 mil) para a inactividade.

Olhando para a evolução entre o terceiro e o quarto trimestres de 2021, verifica-se que mais de metade (52,8%) das pessoas que estavam desempregadas no final de Setembro, continuavam nessa situação em Dezembro, 27,1% transitaram para o emprego e 20,1% passaram à inactividade.

Aproximadamente um em cada três desempregados de curta duração (32,7%) e uma em cada seis pessoas pertencentes à “força de trabalho potencial” (17,4%) transitaram para o emprego no último trimestre do ano passado.

“Um em cada cinco trabalhadores por conta de outrem que no terceiro trimestre de 2021 tinham um contrato de trabalho com termo ou outro tipo de contrato passaram a ter um contrato sem termo no quarto trimestre de 2021 (20,3%)”, sublinha o INE.

Considerando o número de pessoas que permaneceram empregadas entre o terceiro e o quarto trimestres, apenas 3,6% (ou seja 168,4 mil) mudaram de emprego.