Dia da Mulher é respeito diário
Gostaria de entender como, em 2022, alguém, num país desenvolvido, acredita que uma mãe não possa ter uma vida profissional. A melhor flor que se pode dar a uma mulher é o respeito diário e a oportunidade à igualdade.
Gostaria de assinalar o Dia Internacional da Mulher com a partilha de uma passagem recente da minha vida. Sou arquitecta e mãe na Alemanha, num dos ditos mais desenvolvidos países europeus. Ora, neste mesmo país, as mulheres têm a oportunidade de tirar um ano de licença de maternidade (o que uma grande maioria das mães faz) ou a possibilidade de trocar cada um desses meses por dois meses em part-time, que o empregador é obrigado a aceitar.
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Gostaria de assinalar o Dia Internacional da Mulher com a partilha de uma passagem recente da minha vida. Sou arquitecta e mãe na Alemanha, num dos ditos mais desenvolvidos países europeus. Ora, neste mesmo país, as mulheres têm a oportunidade de tirar um ano de licença de maternidade (o que uma grande maioria das mães faz) ou a possibilidade de trocar cada um desses meses por dois meses em part-time, que o empregador é obrigado a aceitar.
Como a sociedade espera da minha profissão longas horas de trabalho, achei que o melhor que poderia oferecer enquanto mãe seria meio ano em casa, combinado com um ano em part-time. Por este motivo, atrevi-me a desafiar os alemães mais conservadores e, permitindo um selo social de má mãe, coloquei os meus filhos no infantário a partir dos seis meses (de frisar que o infantário aceita crianças a partir dos seis meses).
Não sinto que lhes tenha feito nada de mal. Muito pelo contrário. Ambos adoram e é a oportunidade de contactarem com alemão nativo desde tenra idade.
Porém, num belo dia de Inverno, sou contactada por uma das mães, que me informa que um dos pais estaria a organizar uma petição para expulsar a minha filha do infantário.
Para surpresa minha, perguntei quais eram as suas razões e passo a citar:
- um bebé só vem roubar a atenção destinada aos mais velhos;
- o tal pai paga impostos para que as mães fiquem, pelo menos, um ano em casa;
- se a mãe é tão focada na sua carreira, nunca deveria ser mãe.
Há aqui dois pontos que gostaria de salientar. Primeiramente, gostaria de entender como, em 2022, alguém, num país desenvolvido, acredita que uma mãe não possa ter uma vida profissional. Segundo, e por fim, porque é que só se cataloga a má mãe quando também há um pai que poderia ter ficado em casa.
Felizmente, o infantário nunca me contactou. Certamente pensou nos direitos da mulher para além do Dia Internacional da Mulher. A melhor flor que se pode dar a uma mulher é o respeito diário e a oportunidade à igualdade.