Shell garante que vai parar de comprar petróleo e gás russos de forma faseada
Shell protagonizou uma polémica ao ter comprado de petróleo em desconto à Rússia. Afirma agora que vai cortar negócio com o país de forma estudada e faseada.
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A maior petrolífera britânica, Shell, eliminará gradualmente todas as compras de petróleo e gás russos, com a interrupção imediata dos negócios de petróleo no mercado a curto prazo, numa reviravolta em resposta à recente polémica internacional sobre a manutenção dos seus negócios com a Rússia.
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A maior petrolífera britânica, Shell, eliminará gradualmente todas as compras de petróleo e gás russos, com a interrupção imediata dos negócios de petróleo no mercado a curto prazo, numa reviravolta em resposta à recente polémica internacional sobre a manutenção dos seus negócios com a Rússia.
A empresa, que comprou um carregamento russo com desconto no petróleo na semana passada, veio fazer um pedido de desculpas pelo sucedido e informou que se retirará completamente de qualquer envolvimento na compra de hidrocarbonetos da Rússia.
“Estamos perfeitamente cientes de que a nossa decisão na semana passada de comprar uma carga de petróleo bruto russo para ser refinado em produtos como gasolina – apesar de ter sido feita com a segurança – não foi a correcta e pedimos desculpa por isso”, afirmou o CEO, Ben van Beurden.
A empresa disse ainda que interromperá imediatamente todas as compras de petróleo russo e que fechará as suas estações de serviço e operações de combustíveis e lubrificantes de aviação na Rússia. Van Beurden acrescentou que esta sua retirada de produtos petrolíferos russos, gás de gasoduto e gás natural liquefeito será realizada “de forma faseada.”
Shell announces intent to withdraw from all Russian oil & gas, aligned with new government guidance.
— Shell (@Shell) March 8, 2022
As an immediate first step, we will stop all spot purchases of Russian crude oil, shut service stations, aviation fuels & lubricants operations in Russia.
Concluiu, contudo, que serão necessárias semanas para se livrar do petróleo russo e que isto resultará numa menor produção de combustíveis em algumas das suas refinarias. Isto ocorre quando os mercados de combustível já estão em crise, e enquanto os comerciantes tentam fazer face e compreender a magnitude dos défices de oferta devido à crise na Rússia.
O ministro das Relações Exteriores da Ucrânia, Dmytro Kuleba, também foi ao Twitter reagir à polémica compra de petróleo por parte da empresa britânica questionando se o combustível comprado não lhes cheirava a “sangue ucraniano”.
I am told that Shell discretely bought some Russian oil yesterday. One question to @Shell: doesn’t Russian oil smell Ukrainian blood for you? I call on all conscious people around the globe to demand multinational companies to cut all business ties with Russia.
— Dmytro Kuleba (@DmytroKuleba) March 5, 2022
Rússia ameaça cortar fornecimento de gás para a Europa
A invasão da Ucrânia levou um grande número de empresas a retirarem as suas operações da Rússia, incluindo as gigantes BP Plc e Exxon Mobil Corp. O Kremlin ameaça, agora, cortar o fornecimento de gás para a Europa e alertou que o preço do petróleo pode disparar para 300 dólares (cerca de 275 euros) por barril se os aliados ocidentais intensificarem a sua guerra económica contra a Rússia ao proibirem as importações de energia.
Numa altura em que os líderes europeus se preparam para se reunirem em Versalhes, na quinta-feira, para discutir uma menor dependência do gás e do petróleo russos, Moscovo alertou que tal jogada pode ser uma catástrofe para o mercado global.
“Uma rejeição do petróleo russo levaria a consequências catastróficas para o mercado global”, disse o vice-primeiro-ministro russo Alexander Novak, acrescentando que o preço pode mais do que duplicar para os valores já mencionados.
Novak destacou que a Alemanha, no mês passado, interrompeu o processo de certificação do gasoduto Nord Stream 2, para transporte de gás russo, e alertou que a Rússia pode interromper o fornecimento do gasoduto Nord Stream 1 – uma das principais fontes de gás natural para a Europa.
“Temos todo o direito de tomar uma decisão correspondente e impor um embargo ao bombeamento de gás pelo gasoduto Nord Stream 1”, disse Novak.