Sérgio Sousa Pinto: “Ucrânia assinou pedido de adesão à UE com sangue”
Presidente da comissão dos Negócios Estrangeiros recebeu a embaixadora da Ucrânia em Portugal.
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A embaixadora da Ucrânia em Lisboa, Inna Ohnivets, assume que o presidente russo tem como objectivo controlar todo o território do seu país, acusando Putin de “genocídio”. A diplomata falava aos jornalistas depois de ter sido recebida por Sérgio Sousa Pinto, presidente da comissão parlamentar dos Negócios Estrangeiros.
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A embaixadora da Ucrânia em Lisboa, Inna Ohnivets, assume que o presidente russo tem como objectivo controlar todo o território do seu país, acusando Putin de “genocídio”. A diplomata falava aos jornalistas depois de ter sido recebida por Sérgio Sousa Pinto, presidente da comissão parlamentar dos Negócios Estrangeiros.
A embaixadora reiterou as aspirações do Governo de Zelensky como a de receber o estatuto de candidato a membro da União Europeia, defendendo que o país já mostrou que é parte do mundo ocidental. A este propósito, Sérgio Sousa Pinto, declarou, a título pessoal, que “a Ucrânia assinou o seu pedido de adesão à União Europeia com sangue”. O presidente da comissão, assumindo que tem o seu mandato limitado pelas circunstâncias actuais da repetição das eleições no círculo da Europa, expressou “solidariedade para com o povo ucraniano” e disse esperar que “possa encontrar condições de paz e o lugar na Europa a que têm direito”.
Inna Ohnivets repudiou a invasão russa, considerando que o objectivo de Putin é controlar todo o território ucraniano. “Putin é terrorista, fascista e nazi. Diz que vivem na Ucrânia os nazis mas não é verdade somos um povo pacífico, queremos viver em paz e segurança. Queríamos que a Rússia nos deixe viver em paz”, disse.
Lembrando que os bombardeamentos já provocaram a morte a 300 pessoas, entre as quais crianças, a diplomata apelou a que se investiguem os crimes de guerra: "A Rússia está a realizar genocídio, todo o mundo pode ver este horrível acto, este crime de guerra. Questionada pelos jornalistas sobre quantos refugiados Portugal irá receber, a embaixadora referiu apenas o número de pedidos registados “só nos primeiros dias" pelo Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF).
“Não posso dizer quantas pessoas podem vir da Ucrânia para Portugal, tenho informação que no SEF foram registadas 1500 pedidos de estatuto de refugiado, isso só nos primeiros dias” após o início da guerra, afirmou Inna Ohnivets, referindo que os ucranianos que vivem em Portugal “expressam a sua gratidão” pelo apoio que o Estado português está a dar ao acolhimento de quem foge do conflito.
Relativamente à posição do PCP – que resistiu a sancionar Moscovo pela invasão – a diplomata considerou que o partido “condenou a guerra da Rússia contra a Ucrânia, o que significa todos os partidos políticos de Portugal tem posição unida”. Mas afastou qualquer ideia – que considera ser a intenção de Putin – de o ex-presidente da Ucrânia Viktor Ianukovytch voltar a governar o país. A embaixadora considerou que este presidente “pró-russo” prejudicou o país ao não ter permitido a assinatura do acordo de associação com a União Europeia em 2014, o que só aconteceu mais tarde. “Foi traidor real da Ucrânia, agora não é possível que volte a governar o país. Não é possível alterar a história. Gostaria de lembrar isso aos comunistas portugueses”, afirmou.
Na conferência de imprensa, que decorreu na Assembleia da República, Inna Ohnivets alertou também para a desinformação que está a ser lançada por uma associação ligada à Federação da Rússia a operar em Portugal e que “espalha ideologia de que os ucranianos que vivem em Portugal pertencem ao mundo russo”. “Não tem nada a ver mas influência a comunidade ucraniana”, disse.