1. Ainda estamos sob efeito de choque. A forma como a Rússia invadiu a Ucrânia não cabia no nosso quadro mental de ocidentais do século XXI. Estávamos habituados à evolução e progresso humano e ao não-retorno da história aos seus momentos mais trágicos e cruéis. Era um passado encerrado. Todavia, pela mão da Rússia, a guerra regressou de forma brutal e crua à Europa do século XXI. Regressou tal como Clausewitz a teorizou em inícios do século XIX: a guerra “é simplesmente a continuação da política por outros meios. Usamos deliberadamente a frase ‘por outros meios’ porque queremos deixar claro que a guerra em si mesma não suspende o processo político ou transforma-o em algo completamente diferente na sua essência. No essencial, esse processo continua independentemente dos meios que emprega. As linhas principais ao longo das quais os eventos militares progridem, estando por estas limitados, são linhas políticas que continuam através da guerra até à subsequente paz. Como poderia ser de outra forma?” (Carl von Clausewitz, On War, trad. ing., Alfred A. Knopf-Random House, 1993 p. 731).
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1. Ainda estamos sob efeito de choque. A forma como a Rússia invadiu a Ucrânia não cabia no nosso quadro mental de ocidentais do século XXI. Estávamos habituados à evolução e progresso humano e ao não-retorno da história aos seus momentos mais trágicos e cruéis. Era um passado encerrado. Todavia, pela mão da Rússia, a guerra regressou de forma brutal e crua à Europa do século XXI. Regressou tal como Clausewitz a teorizou em inícios do século XIX: a guerra “é simplesmente a continuação da política por outros meios. Usamos deliberadamente a frase ‘por outros meios’ porque queremos deixar claro que a guerra em si mesma não suspende o processo político ou transforma-o em algo completamente diferente na sua essência. No essencial, esse processo continua independentemente dos meios que emprega. As linhas principais ao longo das quais os eventos militares progridem, estando por estas limitados, são linhas políticas que continuam através da guerra até à subsequente paz. Como poderia ser de outra forma?” (Carl von Clausewitz, On War, trad. ing., Alfred A. Knopf-Random House, 1993 p. 731).