Femina, o podcast que “dá voz” a artistas como Joana de Abreu
Joana de Abreu, artista e fundadora do projecto Preencher Vazios, foi a convidada de Vanessa Augusto na última gravação ao vivo do Femina. Incentivar a “vulnerabilidade” e a “ideia de empatia” e de “sororidade” e quebrar “alguns preconceitos” são os objectivos do podcast que se apresenta como feminista.
“Falar sobre artistas que estão a desenvolver trabalho” no Porto e “integrá-las na cidade” é o que Vanessa Augusto, de 32 anos e natural de Lisboa, procura nas gravações ao vivo do podcast Femina, no âmbito das sessões Podcast à Mesa, nos Maus Hábitos. A jornalista, que criou o Femina há dois anos, convida mulheres artistas para falarem sobre “feminismo, igualdade de género, empoderamento” — e o episódio lançado este domingo, 6 de Março, foi gravado nos Maus Hábitos. Joana de Abreu, artista de 29 anos e fundadora do projecto Preencher Vazios, foi a convidada da noite. Uma escolha “evidente” para Vanessa, pelo facto de “andar nas ruas do Porto e ver o trabalho da Joana está nas paredes”.
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“Falar sobre artistas que estão a desenvolver trabalho” no Porto e “integrá-las na cidade” é o que Vanessa Augusto, de 32 anos e natural de Lisboa, procura nas gravações ao vivo do podcast Femina, no âmbito das sessões Podcast à Mesa, nos Maus Hábitos. A jornalista, que criou o Femina há dois anos, convida mulheres artistas para falarem sobre “feminismo, igualdade de género, empoderamento” — e o episódio lançado este domingo, 6 de Março, foi gravado nos Maus Hábitos. Joana de Abreu, artista de 29 anos e fundadora do projecto Preencher Vazios, foi a convidada da noite. Uma escolha “evidente” para Vanessa, pelo facto de “andar nas ruas do Porto e ver o trabalho da Joana está nas paredes”.
Quando começou a idealizar o podcast, a jornalista queria “trazer algumas questões sobre as conquistas das mulheres artistas para o espaço público de uma forma simples e descomplexada”. Daí nasceu a ideia de uma conversa onde fala com mulheres artistas para “perceber como é que foram as suas lutas, quais as maiores conquistas e as maiores vulnerabilidades”. “Tenho essa noção de que uma mulher artista parece ter que se esforçar muito mais e percorrer um caminho muito mais denso, com muitos mais obstáculos, porque precisa ainda de continuar a provar ao mundo que merece cá estar”, explica ao P3.
Incentivar a “vulnerabilidade” e a “ideia de empatia” e de “sororidade” e quebrar “alguns preconceitos” são os principais objectivos do podcast que se apresenta como feminista. O “empoderamento” — das convidadas e dos ouvintes — é algo que Vanessa também pretende fomentar. Quer “dar voz a estas mulheres, dar voz a todos aqueles que queiram escutar estas conversas”.
É o caso de de Joana de Abreu, artista freelancer e fundadora do projecto Preencher Vazios. Em 2016, quando estudava na Faculdade de Belas-Artes da Universidade do Porto, Joana apercebeu-se de um problema recorrente nas fachadas da cidade. “Durante o percurso que fazia entre a estação de comboio e a faculdade, estava sempre a dar de caras com uma fachada onde faltava um azulejo e, na altura, estava a iniciar a tese [de mestrado], que tinha de ter uma componente projectual. Então, pensei em pegar nesse problema e transformá-lo em projecto”, recordou Joana.
Começou por imprimir azulejos em papel e tentar colá-los nas fachadas; depois, optou por construir “azulejos” de madeira com frases ou versos de autores portugueses, a técnica que continua a utilizar. Facilmente colados e descolados, Joana faz apenas uma intervenção “efémera” às fachadas vazias. Os seus “azulejos” podem ser vistos em alguns pontos do país – Porto, Lisboa e Ovar –, tendo até feito um painel especial especificamente para a gravação do podcast ao vivo, com o verso “Há mulheres que trazem o mar nos olhos pela grandeza da imensidão da alma”, erradamente atribuído a Sophia de Mello Breyner.
“Sempre soube que, para vingarmos, temos que ir à luta”, disse, quando falou sobre ser mulher no meio cultural. É necessário “mostrar que se está aqui”, que se “tem um bom trabalho para se ser reconhecida”. A outras mulheres artistas, deixa um conselho: “Aproveitem agora, enquanto podem e querem, e agarrem o vosso trabalho, aquilo que realmente acreditam, porque só temos uma vida. Se continuarmos a fazer algo que não nos preenche, quando é que o vamos fazer?”. “Eu crio, invento e faço: acho que isto é o que me define”, resumiu.
O episódio do podcast gravado ao vivo nos Maus Hábitos está disponível para ouvir nas plataformas de streaming, como Spotify e Apple Podcasts, e no site oficial do Femina.
Texto editado por Ana Maria Henriques