Macron arranca a campanha em subida nas sondagens com a guerra em pano de fundo
O Presidente candidato à reeleição nas presidenciais de Abril ultrapassou pela primeira vez os 30% de intenções de voto, mais do dobro de Marine Le Pen, que volta a posicionar-se como a sua adversária mais provável na segunda volta.
Emanuel Macron tem esta segunda-feira nos arredores de Paris a sua primeira deslocação na campanha para as eleições presidenciais de Abril: será uma acção em Poissy, na região de Yvelines, que a equipa da sua campanha descreve como “uma conversa com os habitantes em torno dos assuntos que estes escolham” e que incluirá um encontro com “actores da sociedade civil”. A guerra na Ucrânia vai obrigar a uma campanha diferente e está já a ter efeitos nas sondagens, com o chefe de Estado a ultrapassar pela primeira vez os 30% de intenções de voto.
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Emanuel Macron tem esta segunda-feira nos arredores de Paris a sua primeira deslocação na campanha para as eleições presidenciais de Abril: será uma acção em Poissy, na região de Yvelines, que a equipa da sua campanha descreve como “uma conversa com os habitantes em torno dos assuntos que estes escolham” e que incluirá um encontro com “actores da sociedade civil”. A guerra na Ucrânia vai obrigar a uma campanha diferente e está já a ter efeitos nas sondagens, com o chefe de Estado a ultrapassar pela primeira vez os 30% de intenções de voto.
O Presidente francês anunciou a sua recandidatura na quinta-feira, véspera do fim do prazo, numa carta aos franceses publicada em vários jornais. “Conhecemos convulsões de uma rapidez inédita: ameaças às nossas democracias, subida das desigualdades, alterações climáticas, transição demográfica, transformações tecnológicas”, descreveu. “O desafio é construir a França dos nossos filhos, não de refazer a França da nossa infância”, escreveu.
A menos de cinco semanas da primeira volta das presidenciais, a 10 de Abril, Macron fará uma campanha curta sem descurar as suas obrigações de chefe de Estado, em plena crise com a Rússia e quando se tenta impor como interlocutor da Europa perante Vladimir Putin. Na carta já avisara que não vai poder “fazer a campanha que gostaria”. Em vez disso, será “um candidato que vai projectar a França e que entrará em contacto com os franceses para o fazer”, explicou à televisão BFM o ex-ministro do Interior e presidente do grupo do partido A República em Marcha (LREM, de Macron) na Assembleia Nacional, Christophe Castaner.
Cinco anos depois de ter obtido 24% dos votos na primeira volta das eleições, apresentando-se como “nem de esquerda nem de direita”, Macron tem conservado o apoio da mesma parcela do eleitorado. Mas estes números estão a subir – numa sondagem do Instituto Ipsos-Sopra Steria divulgada sábado pelo jornal Le Monde (e realizada nos dias 2 e 3 de Março), o Presidente surge com 30,5% das intenções de voto, mais do dobro de Marine Le Pen (14,4%), que em 2017 disputou com Macron a segunda volta. Este resultado representa uma subida de quatro pontos em menos de um mês para Macron, um aumento que todas as sondagens têm reflectido.
O início da guerra na Ucrânia não parece estar apenas a beneficiar Macron, mas também a prejudicar os candidatos de extrema-direita: na sondagem do Le Monde, Le Pen, líder da União Nacional, perde um ponto, enquanto Eric Zemmour, o ex-jornalista que criou um novo partido, Reconquista, perde dois e está agora com 13% de intenções de voto. Le Pen recebeu um empréstimo da Rússia e chegou a visitar Moscovo para se encontrar com Putin na pré-campanha de 2017; Zemmour disse em 2018 disse que gostaria de ver “um Putin francês” porque, defendeu, é o único dirigente que defende o seu país “contra tudo e contra todos”.
À esquerda, também Jean-Luc Mélenchon (A França Insubmissa, esquerda radical), criticado pelos socialistas por posições demasiado “complacentes” com o Presidente russo (que Mélenchon nega), subiu de 9 para 12% na sondagem do Ipsos. À direita, Valérie Pécresse, do partido Os Republicanos, que chegou a surgir em segundo lugar nas sondagens depois de lançar a candidatura, em Dezembro, continua em queda, baixando um ponto, para 11,5%.
Se há eleições onde o conflito na Ucrânia pode ter consequências são estas, com Macron a surgir como estadista e os dois candidatos de extrema-direita, confessos admiradores de Putin, obrigados a rever posições. As sondagens, escreve o diário Le Monde, revelam “uma dinâmica” onde “o conflito e o traumatismo que este suscita assumem um papel considerável”.