O realismo social de Zeldin em Almada

Até 4 de Abril, o Teatro Joaquim Benite coloca em cena Além da Dor, texto do inglês Alexander Zeldin, encenado por Rodrigo Francisco, apontado à precariedade laboral. Sem direitos e sem romantismo.

Foto
DR

Quando, em Setembro passado, a Culturgest apresentou pela primeira vez a obra do inglês Alexander Zeldin em Portugal, Rodrigo Francisco levou o elenco com que agora estreia Além da Dor para assistir a Love (ambas as peças fazem parte da trilogia The Inequalities — As Desigualdades). E ficou “muito assustado” com o que viu. Porque só então compreendeu que os textos de Zeldin oferecem apenas “a ponta do icebergue” daquilo que acontece em cena. Todo o ambiente em que o dramaturgo mergulha as suas personagens, num realismo desassombrado que se diz filho do cinema de Ken Loach ou Mike Leigh, ultrapassa em muito o alcance das palavras. E foi então que o encenador tomou consciência de que, para se propor montar Além da Dor, precisaria de desenvolver com os actores um trabalho em que estes “preenchessem e conhecessem muito bem esse espaço íntimo que não se revela em palavras, mas que têm de sentir, porque senão este tipo de textos não pode dar espectáculos de teatro”, diz Rodrigo Francisco. E é essa densidade que cria o contexto para que a escrita seca e cirúrgica de Zeldin se imponha, colocando-nos perante aquilo que Francisco descreve como “uma tranche de vida”.

A verdade faz-nos mais fortes

Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.

Quando, em Setembro passado, a Culturgest apresentou pela primeira vez a obra do inglês Alexander Zeldin em Portugal, Rodrigo Francisco levou o elenco com que agora estreia Além da Dor para assistir a Love (ambas as peças fazem parte da trilogia The Inequalities — As Desigualdades). E ficou “muito assustado” com o que viu. Porque só então compreendeu que os textos de Zeldin oferecem apenas “a ponta do icebergue” daquilo que acontece em cena. Todo o ambiente em que o dramaturgo mergulha as suas personagens, num realismo desassombrado que se diz filho do cinema de Ken Loach ou Mike Leigh, ultrapassa em muito o alcance das palavras. E foi então que o encenador tomou consciência de que, para se propor montar Além da Dor, precisaria de desenvolver com os actores um trabalho em que estes “preenchessem e conhecessem muito bem esse espaço íntimo que não se revela em palavras, mas que têm de sentir, porque senão este tipo de textos não pode dar espectáculos de teatro”, diz Rodrigo Francisco. E é essa densidade que cria o contexto para que a escrita seca e cirúrgica de Zeldin se imponha, colocando-nos perante aquilo que Francisco descreve como “uma tranche de vida”.