“A Ucrânia somos nós”, gritou-se em frente de cinco embaixadas em Lisboa
Cordão humano “ligou” as embaixadas de quatro de países permanentes do Conselho de Segurança da ONU e da Alemanha.
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Cidadãos ucranianos, portugueses e russos voltaram a juntar-se nesta sexta-feira em Lisboa pela paz. Desta vez fizeram-no em frente de cinco embaixadas de países permanentes do Conselho de Segurança da ONU, formando um cordão humano que ligou algumas das representações diplomáticas. “A Ucrânia somos nós”, foi a principal palavra de ordem gritada pelas ruas da capital.
Em cada uma das embaixadas foi ainda entregue uma carta endereçada aos embaixadores da China, Estados Unidos, França, Reino Unido e Alemanha (membro não permanente do Conselho de Segurança), para que cada país seja “mais duro na condenação à agressão da Ucrânia pela Rússia”. Em cada uma das embaixadas esteve um político de diversos quadrantes partidários.
O PÚBLICO esteve junto à embaixada da França, no bairro lisboeta de Santos-o-Velho, onde a política escolhida foi a socialista Ana Gomes, que se apresentou com um lenço com as cores da bandeira do país invadido amarrado ao pescoço. Com ela estiveram seguramente mais de mil pessoas, num cordão humano que ligou a Rua de Santos-o-Velho à do Prior, junto à embaixada da China.
“Tinha de estar aqui. O que está em causa é a liberdade e a democracia. Estive, enquanto eurodeputada, na Ucrânia, nomeadamente nas manifestações da Praça Maidan, em 2013. Estamos a falar de um provo heróico que apenas quer a paz e a liberdade e livrar-se do tirano Putin”, disse a diplomata ao PÚBLICO.
A organização do cordão humano foi da Associação dos Ucranianos em Portugal (AUP), à qual se juntaram alguns portugueses.
Pedro Dionísio, 66 anos, professor do Instituto Universitário de Lisboa, foi um deles. Já tinha estado, em 1999, na organização das grandes manifestações pela paz em Timor-Leste e agora voltou à mesma luta pela Ucrânia. “Como por Timor, é importante voltar às ruas. O sentimento é o mesmo. Um sentimento de solidariedade e de revolta”, afirma
Ana Gomes e dois representantes da AUP entregaram a carta à embaixadora de França, Florence Mangin, que fez questão de a vir receber à porta da missão diplomática.
“Precisamos que a França apoie a Ucrânia. Que não desista de lutar. Estamos muito gratos por tudo o que têm feito, mas, por favor não parem. Sejam mais duros. Putin não se vai ficar por aqui, vai invadir outros países”, dizem os ucranianos à embaixadora. Esta garante que “a França nunca baixará os braços”, que “continuará a lutar contra a guerra e pela liberdade do povo ucraniano”. Ao mesmo tempo que fala por eles aponta para as janelas do edifício iluminadas com as cores azul e amarela.
Pedro Dionísio, com um megafone junto à boca, puxa pelas gargantas dos presentes: “A Ucrânia somos nós”, as muitas bandeiras e cartazes escritos em português, ucraniano e russo são agitados no ar.
Natalyja Barchuk, 51 anos, uma das que entregaram a carta à embaixadora de França, dirige-se à multidão. “Muito obrigada, portugueses, pelo apoio que nos têm dado. Muito, muito obrigada. Mas não podemos parar, temos de continuar a lutar. As crianças estão a passar fomes, há ucranianos a morrer todos os dias. O apoio humanitário é importante, mas tem de se fazer mais. A Europa e os Estados Unidos têm de fechar por completo os céus da Ucrânia, para que nenhum avião possa passar sobre o país. O bem tem de vencer o mal, a luz tem de vencer as tréguas”, disse a mulher que está há 22 anos em Portugal.
Como acontece todos os dias nas manifestações pela paz com a presença de ucranianos, o cordão humano terminou com os cidadãos do país invadido pela Rússia a cantarem o seu hino nacional.