Forest Green: verde por dentro e por fora
Tudo começou em 2011 e, desde essa altura, o clube de futebol inglês apontou o caminho agora seguido também por outros.
Lidera destacado a classificação do quarto escalão do futebol inglês, com dez pontos de vantagem sobre o segundo e menos um jogo disputado, e está, por isso, bem encaminhado para subir mais um degrau na longa escadaria que leva à famosa Premier League. Mas o Forest Green é mais conhecido pela forma como abraçou a causa da defesa ambiental do que pelos seus resultados em campo.
A verdade faz-nos mais fortes
Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.
Lidera destacado a classificação do quarto escalão do futebol inglês, com dez pontos de vantagem sobre o segundo e menos um jogo disputado, e está, por isso, bem encaminhado para subir mais um degrau na longa escadaria que leva à famosa Premier League. Mas o Forest Green é mais conhecido pela forma como abraçou a causa da defesa ambiental do que pelos seus resultados em campo.
O actual primeiro classificado da League Two tornou-se, em 2017, o primeiro clube de futebol vegan e, em 2018, foi oficialmente certificado pela Organização das Nações Unidas (ONU) como o primeiro emblema neutro em carbono. A distinção foi apenas o reconhecimento de um trabalho que dura há cerca de uma década e que abrange as mais diversas áreas do clube.
O Forest Green joga num estádio em que toda a energia consumida é proveniente de fontes renováveis, apenas fornece refeições vegan a atletas, funcionários e adeptos, os seus futebolistas jogam num relvado “orgânico”, que não é tratado com produtos não-naturais, e usam equipamentos produzidos a partir de material reciclado. Já os seus adeptos são incentivados a deslocarem-se aos jogos caseiros utilizando um esquema de “park and ride”, carros eléctricos e bicicletas.
Mas o compromisso ecológico do Forest Green não se fica por aqui. A água da chuva é recolhida, armazenada e reciclada; o relvado é cortado por um robot movido a energia solar e todo o óleo de cozinha usado é reciclado e transformado em bio-combustível. E no início deste mês foi colocada a primeira pedra daquele que será o novo complexo desportivo do clube – o Candriam Training Ground – onde será levantado o Eco Park Stadium, um estádio com uma lotação de 5000 lugares, inteiramente construído em madeira.
Percebe-se por que motivo o Forest Green foi considerado pela FIFA como o clube mais sustentável do mundo. Mas estas preocupações ambientais já não são exclusivas de clubes de pequena dimensão, muitas vezes vistos como meros casos isolados e pouco mais do que exemplos simbólicos. Elas fazem parte da agenda das principais competições futebolísticas mundiais, como a Premier League ou a Bundesliga, por exemplo, campeonatos de futebol de topo e nos quais os clubes já são classificados num ranking que mede a sustentabilidade ambiental da sua actividade. Uma classificação elaborada pela Sport Positive, uma organização sediada no Reino Unido que se dedica a apoiar organizações desportivas a nível global para que elas diminuam a sua pegada ecológica e que tem previsto lançar rankings semelhantes para as Ligas francesa, espanhola e italiana, bem como para a Liga dos Campeões.
Em Inglaterra é o Tottenham o clube mais verde da Premier League. Os adeptos usam copos reutilizáveis no estádio dos “spurs”, que é alimentado por energia 100% renovável. O plástico de uso único foi eliminado e o centro de treinos do emblema londrino foi construído numa faixa verde com o objectivo de o tornar um “habitat ecológico”.
Já na Alemanha, o Wolfsburgo ocupa o primeiro lugar na tabela de clubes “mais verde”, recebendo 21 pontos em 21 possíveis – a pontuação era atribuída tendo por base uma série de categorias que incluíam o recurso a energia produzida por fontes renováveis, a eficiência energética das instalações do clube e a sustentabilidade na forma de deslocação da equipa. A redução ou diminuição do uso de plásticos de uma só utilização, a gestão dos resíduos, o uso eficiente da água ou o consumo de refeições vegetarianas ou com baixo teor de carbono eram outras das categorias que pesavam na avaliação.
E em Espanha somam-se as iniciativas de vários clubes para tornar a sua actividade cada vez mais ambientalmente sustentável. O Athletic Bilbau é um dos emblemas mais activos. Para além de se comprometer em medir a sua pegada ecológica no final de cada temporada e plantar árvores que compensem essa mesma pegada, o clube basco assinou um acordo com uma marca automóvel fazendo com que a maior parte da sua frota seja 100% eléctrica.