“Reduzir o consumo de carne foi uma decisão conjunta”

Os namorados Marta e Guilherme decidiram reduzir o consumo de carne durante o primeiro Verão que passaram juntos. Objectivo: proteger o planeta.

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Marta Santos e Guilherme Lima deixaram de comprar carne em Março de 2021 Nélson Garrido

Guilherme e Marta começaram a namorar há quase três anos. No primeiro Verão juntos, decidiram que reduziriam o consumo de carne. “Foi uma decisão conjunta e, no princípio, motivada por razões ambientais”, conta Guilherme Lima, advogado estagiário de 24 anos. O casal já estava consciente de que aquilo que colocamos no prato é importante para a sustentabilidade do planeta. Em Março de 2021, decidiram ir mais longe e deixar de trazer carne para o apartamento onde vivem juntos no Porto. Marta tornou-se vegetariana. Guilherme passou a só comer produtos de origem animal uma ou duas vezes por semana – ou seja, passou a ser “flexitariano”.

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Guilherme e Marta começaram a namorar há quase três anos. No primeiro Verão juntos, decidiram que reduziriam o consumo de carne. “Foi uma decisão conjunta e, no princípio, motivada por razões ambientais”, conta Guilherme Lima, advogado estagiário de 24 anos. O casal já estava consciente de que aquilo que colocamos no prato é importante para a sustentabilidade do planeta. Em Março de 2021, decidiram ir mais longe e deixar de trazer carne para o apartamento onde vivem juntos no Porto. Marta tornou-se vegetariana. Guilherme passou a só comer produtos de origem animal uma ou duas vezes por semana – ou seja, passou a ser “flexitariano”.

“Eu já não gostava muito de carne, mas lá ia comendo. Aos poucos, fui ganhando consciência da minha pegada ecológica e do mal ao ambiente que a pecuária intensiva implica. Deixei de consumir carne na Primavera, peixe no Verão e, em Janeiro deste ano, todos os lacticínios. O Guilherme veio atrás”, explica Marta Santos, de 25 anos, estudante de Psicologia. O namorado continua a comer produtos de origem animal aos sábados e aos domingos, “por falta de tempo ou escolha”. “Quando vou à casa dos meus pais, por exemplo, como o que houver – peixe ou carne. O que importa, do ponto de vista ambiental, é que eu consegui reduzir o consumo de carne em 80 a 90 por cento”, explica o jovem advogado estagiário.

Guilherme sabe que a produção pecuária intensiva gasta mais água e energia do que a produção de vegetais. E, por isso, entende que é urgente que cada um de nós faça alterações na dieta. “O aquecimento global pode comprometer a diversidade no planeta. Haverá secas [e inundações] mais frequentes. O gelo vai derreter e isso implica a subida do nível das águas. Isto é uma bola de neve que não pára de crescer, temos de travar isto ou então será tarde de mais. Porque, à medida que o gelo derreter, os níveis da água vão subir, poderá haver cada vez menos água potável. Se cada um não fizer a sua parte, será complicado. Não se pede a ninguém para deixar de comer, é apenas uma redução para o bem de todos”, justifica.

As mudanças nos padrões alimentares, contudo, nem sempre são vistas com bons olhos por amigos e familiares. Guilherme diz não ter sofrido qualquer tipo de pressão dos pares ou dos pais, mas Marta conta que ouve “bocas” com alguma frequência. A estudante afirma ter pais compreensivos, que adaptam as refeições sempre que a filha está em casa. Os avós não criticam, mas preocupam-se com a saúde da neta, pois temem que fique fraca. Os demais parentes, segundo ela, já têm uma postura diferente.

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Nelson Garrido

“Quase todos os dias recebo uma ‘boca’ de alguém da minha família. Pode ser uma mensagem com uma imagem meio sarcástica, porque acham que é uma piada. O Natal foi muito difícil porque eu tive de fazer toda a minha comida à parte”, conta Marta, que confeccionou “leite-creme e rabanadas de forno com bebida vegetal de soja. “Todos provaram e gostaram”, refere. A estudante lamenta que as escolhas de cada um, mesmo que feitas em prol do planeta e dos seus futuros habitantes, ainda sejam questionadas e razão para escrutínio público. “Se virmos alguém a fumar, que é algo que faz mal à saúde, ninguém vai dizer directamente àquela pessoa que não devia estar a fumar. Mas achamos ainda normal questionar alguém sobre o facto de ter deixado de comer carne”, desabafa.

Embora haja quem considere exigente produzir refeições vegetarianas, Guilherme comenta que, pelo contrário, “difícil mesmo é escolher um prato entre tantas opções”. Isto porque Marta, que é quem domina a arte da culinária, anda pela Internet à procura de novas receitas e sabores. “Eu sigo várias contas no Instagram, estou sempre a ter ideias”, diz. A feijoada de cogumelos selvagens, couve-coração e cenoura é um dos pratos favoritos do casal, assim como as massas gratinadas com “queijo” vegan e as batatas-bravas assadas com tofu fatiado. “É uma delícia”, afirmam em uníssono.

Marta e Guilherme preocupam-se não só com os recursos que a produção de carne consome, mas também com o impacto na saúde humana (através do uso indiscriminado de hormonas e antibióticos no sector agro-pecuário) e com as embalagens plásticas que a distribuição do produto envolve. “Incomoda-me muito como estes animais são alimentados, tratados e acondicionados em estábulos. É tudo químico, para a engorda, isto acaba por ter um impacto na saúde das pessoas”, diz Marta.

A estudante, que tem fibromialgia e rectocolite ulcerativa, garante ter tido melhorias significativas em termos de qualidade de vida desde que adoptou uma dieta com poucos ou nenhuns produtos de origem animal. “Sinto-me com mais energia e sei os benefícios que esta alimentação traz. Agora sou vegetariana estrita e pretendo ser para sempre.”