Rússia está cada vez mais sozinha no desporto
Somam-se as expulsões e cancelamentos de atletas e eventos das mais diversas competições.
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Na segunda-feira chegou a primeira vaga de boicotes ao desporto russo e nesta terça-feira o cenário adensou-se. Os russos estão cada vez mais sozinhos, do plano competitivo ao financeiro, passando pelo comercial e até pelo bullying a atletas.
Nesta terça-feira soube-se que o Mundial 2022 de voleibol já não vai ser organizado pela Rússia. Sem direito a negociação, a federação internacional da modalidade, que dirá em breve quem será o novo anfitrião, anunciou unilateralmente que a competição vai mudar de local, decisão que surge após a França, campeã olímpica, e a Polónia, bicampeã mundial, terem anunciado no fim-de-semana a intenção de boicotar o evento se este fosse realizado na Rússia.
Também o andebol está a ter mão pesada, tendo excluído a Rússia de todas as competições, dando-lhe ainda a “companhia” da Bielorrússia, também colocada de lado.
No futebol, as repercussões sentem-se a vários níveis. No plano comercial e financeiro, a Adidas anunciou o corte do patrocínio à Federação Russa e o Schalke 04, que tinha rompido a ligação à Gazprom, deu boas notícias.
O novo equipamento, já sem a inscrição da marca russa na parte frontal da camisola, está a ser um sucesso de vendas, tendo mesmo saturado as compras online no site do clube, que poderá vir a ser forçado a sortear as camisolas entre os muitos interessados.
A camisola diz agora “Schalke 04” na parte frontal, pelo menos até ser anunciado novo patrocinador.
Voltando aos boicotes, o futebol ficou nesta terça-feira a saber que o treinador alemão Marcus Gisdol já não orienta o Lokomotiv de Moscovo. O clube tinha feito uma declaração vaga acerca do despedimento do técnico, mas surgiu, depois, uma nova versão, com Gisdol a garantir ao Bild que foi ele quem se despediu: “Não concebo estar a treinar os meus jogadores, em Moscovo, exigindo-lhes profissionalismo, e a alguns quilómetros de distância estarem a ser dadas ordens que implicam enorme sofrimento a todo um povo”.
Noutro plano, o boicote à Rússia atinge também proporções pessoais em atletas russos de primeira linha. Vitaliy Mykolenko, jogador ucraniano do Everton, atacou nas redes sociais o capitão da selecção russa, Artem Dzyuba, pelo silêncio do avançado do Zenit. Além de insultos a Dzyuba, acusou o jogador de “ficar calado enquanto cidadãos inocentes estão a ser assassinados”.