Contributo de Portugal para pacote europeu de armas entre os 8 e 10 milhões de euros

João Gomes Cravinho revelou que a contribuição nacional para apoiar a Ucrânia com armamento vai custar entre 8 e 10 milhões de euros.

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Ministro da Defesa reuniu-se esta segunda-feira com os seus homólogos da UE Nuno Ferreira Santos

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O ministro da Defesa Nacional anunciou esta segunda-feira que o contributo de Portugal para o pacote europeu que visa fornecer armas ao exército ucraniano, que luta contra a invasão russa, rondará os “8 e 10 milhões de euros”.

Em declarações à agência Lusa, depois de ter participado por videoconferência na reunião que juntou esta segunda-feira os ministros da Defesa da União Europeia, João Gomes Cravinho disse que o contributo de Portugal será feito através da quota-parte do país relativo ao Mecanismo Europeu de Apoio à Paz, “que determinou desde já um apoio de 450 milhões de euros”, dinheiro pago “pelos contribuintes em toda a Europa, incluindo Portugal”.

Questionado sobre o valor da contribuição portuguesa, Gomes Cravinho especificou que “andará entre os 8 e os 10 milhões de euros”, mas só daqui a algumas semanas haverá “um número exacto”. “O mecanismo utiliza-se quando é necessário e portanto é para este apoio à Ucrânia”, afirmou.

No domingo, os ministros dos Negócios Estrangeiros dos 27 deram aval a um pacote de 450 milhões de euros para financiar o fornecimento de armas letais ao exército ucraniano, que luta contra a invasão russa, numa decisão que marca uma viragem histórica na UE.

Para além do apoio financeiro a este mecanismo europeu, Portugal vai enviar também equipamento militar para a Ucrânia, a pedido das autoridades deste país.

Esse apoio material será “de natureza letal e não letal, de protecção mas também material ofensivo como granadas, espingardas G3, munições, um conjunto de material desse tipo, também outro tipo de material importante para as forças armadas, como material de comunicação, óculos de visão nocturna”, enumerou o ministro, informação que tinha sido já divulgada no passado dia 26, sem especificar quantidades.

“Portugal não é um país fornecedor de armas tipicamente, não temos essa tradição de todo, portanto aquilo que pudemos disponibilizar é material que pertence às Forças Armadas e as Forças Armadas não estão concebidas para serem um entreposto de material bélico”, explicou.

Já sobre os 174 militares portugueses que serão enviados para a Roménia no âmbito da NATO, Gomes Cravinho adiantou que parte esta segunda-feira um primeiro grupo para preparar a recepção do contingente, que está em preparação, uma fase que “naturalmente demorará ainda algumas semanas”.

“Partem hoje para a Roménia vários militares que vão trabalhar com as autoridades militares romenas na preparação da recepção do lado de lá. Está em curso o trabalho necessário do nosso lado aqui em Portugal para a preparação da projecção e, portanto, dentro de algumas semanas será projectado”, acrescentou.

O chefe da diplomacia europeia assegurou que a mobilização e entrega de armamento à Ucrânia, debatida esta segunda-feira pelos ministros da Defesa da UE, está bem encaminhada, mas escusou-se a adiantar detalhes, afirmando que “a Rússia gostaria muito” de os conhecer.

A Rússia lançou na quinta-feira de madrugada uma ofensiva militar na Ucrânia, com forças terrestres e bombardeamento de alvos em várias cidades, que já mataram mais de 350 civis, incluindo crianças, segundo Kiev. A ONU deu conta de mais de 100 mil deslocados e quase 500 mil refugiados na Polónia, Hungria, Moldova e Roménia.

O Presidente russo, Vladimir Putin, disse que a “operação militar especial” na Ucrânia visa desmilitarizar o país vizinho e que era a única maneira de a Rússia se defender, precisando o Kremlin que a ofensiva durará o tempo necessário.

O ataque foi condenado pela generalidade da comunidade internacional e a União Europeia e os Estados Unidos, entre outros, responderam com o envio de armas e munições para a Ucrânia e o reforço de sanções para isolar ainda mais Moscovo.