Cresce a pressão dentro da União Europeia para banir Rússia do SWIFT
Itália, Grécia, Chipre e Hungria declararam este sábado o seu apoio à possível sanção, que visa penalizar o regime de Putin através do sistema financeiro.
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A pressão para castigar a Rússia expulsando-a do sistema global de comunicações bancárias e financeiras SWIFT cresce na Europa, com Itália, Grécia, Chipre e Hungria a declararem expressamente este sábado que apoiam a medida já defendida por países como o Reino Unido, a República Checa, o Canadá e a própria Ucrânia após a invasão do país na quinta-feira. Esta é uma das muitas sanções possíveis que estão em discussão para condicionar as operações da Rússia, neste caso a nível financeiro, mas alguns dos principais bancos norte-americanos terão tentado alertar o Presidente Joe Biden para os danos colaterais associados à remoção russa do sistema bancário.
Nas últimas horas, países que tinham assumido posições mais moderadas quanto a esta medida estão a mudar de atitude. O gabinete do primeiro-ministro italiano, Mario Draghi, fez saber em comunicado que “apoiará integralmente a linha da União Europeia [UE] de sanções contra a Rússia, incluindo no [que toca ao] SWIFT”.
Um alto responsável grego que falou sob anonimato à agência de notícias Reuters disse quase exactamente a mesma frase: “A Grécia apoiará a linha de sanções da UE, incluindo no [que toca ao] SWIFT”.
Também o ministro cipriota das Finanças, Constantinos Petrides, fez eco dessa vontade, apesar dos fortes laços negociais que o país tem com tanto a Rússia quanto com a Ucrânia. “Em nome da unidade na UE e em solidariedade com o povo ucraniano, Chipre não objecta a quaisquer sanções da UE incluindo cortar a Rússia do SWIFT”, escreveu o ministro no Twitter.
A Hungria, na sequência de um apelo directo ao país por parte do Presidente ucraniano, garante por sua vez “apoiar todas as sanções”. Numa visita à fronteira do seu país com a Ucrânia, o primeiro-ministro Viktor Orbán disse este sábado: “Não bloquearemos nada.”
Depois de uma chamada com o chefe da diplomacia francesa, Jean-Yves Le Drian, o ministro ucraniano dos Negócios Estrangeiros garantiu também na rede social Twitter que “a França apoia banir a Rússia do SWIFT”. No mesmo tweet, Dmytro Kuleba disse ainda que a França está disponível para fornecer armamento e equipamento militar à Ucrânia. Na sexta-feira, o ministro das Finanças francês, Bruno Le Maire, tinha sido mais cauteloso, dizendo que esta “arma nuclear financeira” deveria ser empregue apenas como último recurso, mas que, ao contrário de outros membros da UE, a França não tem reservas quanto ao seu uso.
O SWIFT é um sistema por onde passa a esmagadora maioria das transacções bancárias internacionais, ligando 11 mil instituições de mais de 200 países e territórios. Na sexta-feira, quando começou a ganhar forma a possibilidade de expulsão do SWIFT, até aqui aplicada enquanto sanção apenas a instituições e personalidades iranianas, em 2012, a medida não recolhia ainda “a unanimidade necessária” no seio da UE, segundo o alto-representante para a Política Externa e de Segurança Josep Borrell.
Apesar do apoio que a medida parece estar a ganhar, e mesmo com um governador de um importante banco da zona euro a dizer que a expulsão da Rússia é “apenas uma questão de tempo”, como cita o diário britânico The Guardian, alguns dos principais bancos dos EUA permanecem reticentes.
Segundo a Bloomberg, bancos como o JPMorgan Chase e o Citigroup avisaram Biden dos custos que a medida terá — alguns dos quais bem conhecidos, como a possibilidade de a Rússia se aproximar ainda mais da China e a diminuição da transparência das transacções russas. As instituições financeiras norte-americanas dizem ter sensibilizado o Presidente dos Estados Unidos para o risco do aumento da inflação e a possibilidade de a sanção encorajar a criação de um sistema alternativo que prejudique o poder do dólar no sistema financeiro internacional. A China já tem um serviço próprio e semelhante ao SWIFT.