Países desdobram-se em sanções contra a Rússia
Um pouco por todo o mundo, vários países lançaram um conjunto de sanções à Rússia em resposta à invasão da Ucrânia. Restrições visam atingir o sistema financeiro e militar de Moscovo e penalizar personalidades próximas de Vladimir Putin.
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Além da União Europeia e dos Estados Unidos, outros países do mundo lançaram um conjunto de sanções à Rússia em reacção contra o ataque militar à Ucrânia, desencadeado na madrugada de quinta-feira.
Num primeiro momento, as restrições aprovadas pretendem atingir o sistema financeiro e energético, a exportação de material militar ou a venda de bens de alta tecnologia e farmacêuticos, com efeitos que podem não ser imediatos. Mas pode haver um reforço das medidas para tentar provocar danos económicos mais profundos no regime de Vladimir Putin.
Um pouco por todo o mundo, há uma tentativa de “asfixiar a economia russa”, como referiu o ministro francês dos Negócios Estrangeiros, Jean-Yves Le Drian, citado pela Aljazeera.
Estados Unidos da América
Um dos principais objectivos das sanções aprovadas pela Casa Branca é atingir o sistema financeiro russo, impedi-lo de angariar capital ou negociar dívida e congelar seus activos nos Estados Unidos.
Estão em marcha restrições dirigidas a vários bancos - incluindo dois dos maiores bancos do país, o Sberbank e o VTB, considerados especialmente próximos do Kremlin e das forças militares russas - e a alguns executivos seniores.
Num comunicado divulgado na quinta-feira, a Casa Branca sublinhou que as sanções visam também atingir o sistema militar e aeroespacial russo, prevendo “amplas restrições” ao comércio de semicondutores, telecomunicações, segurança de criptografia, lasers, sensores, instrumentos de navegação, sistemas electrónicos destinados à indústria da aviação e tecnologia marítima.
As sanções visam ainda as elites russas e os seus familiares, assim como vários dirigentes civis da hierarquia russa ligados ao regime de Putin.
União Europeia
A União Europeia (UE) começou por visar os 351 membros da Duma (parlamento russo) que votaram o reconhecimento da independência dos dois territórios separatistas da Ucrânia. Ao mesmo tempo, decidiu impor restrições a vários responsáveis e instituições dos sectores bancário e da defesa e pretende congelar os activos europeus ligados ao presidente russo, Vladimir Putin, e ao ministro das Relações Exteriores, Sergey Lavrov.
“Estamos a atingir o sistema de Putin onde ele deve ser atingido, não apenas económica e financeiramente, mas também no centro de seu poder”, disse a ministra alemã das Relações Exteriores, Annalena Baerbock.
As sanções afectam ainda os sectores energético e dos transportes, com a proibição da venda de aeronaves e outros equipamentos construídos na União Europeia às companhias aéreas russas, e introduzem controlos às exportações de tecnologias.
Três grandes bancos russos ficam impedidos de operar em território europeu ou de negociar com cidadãos dos Estados-membros. Além do VTB e do Promsvyazbank, é também afectado o Banco Rossiya que se especializou em contas de altos funcionários.
Os ministros dos Negócios Estrangeiros da UE optaram por não bloquear as vendas de petróleo e de gás natural da Rússia e o acesso do país ao sistema bancário SWIFT (sistema de comunicação utilizado pelos bancos para realizar transacções transfronteiriças) – duas medidas que teriam fortes impactos no regime de Putin, mas também na Europa.
Reino Unido
O primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, reforçou as sanções contra a Rússia, visando bancos, membros do círculo mais próximo de Putin e oligarcas, que verão os seus bens no Reino Unido congelados e ficarão impedidos de pisar território britânico.
O pacote de restrições impede também as maiores empresas russas de se financiem no Reino Unido e impõe o congelamento de activos dos principais bancos russos, incluindo o estatal VTB, accionista do português Finantia.
A Aeroflot, principal companhia aérea da Rússia, fica proibida de operar no Reino Unido, serão suspensas as licenças duplas de exportação para a Rússia e serão proibidas algumas exportações na área da alta tecnologia e da indústria extractiva.
Japão
O Governo japonês começou por congelar as contas de vários cidadãos russos e impedi-los de viajar para o país.
O primeiro-ministro japonês, Fumio Kishida, prometeu reforçar as sanções contra a Rússia, visando várias instituições financeiras e indivíduos, além de interromper as exportações de bens de uso militar, como os semicondutores.
Canadá
O Canadá começou por impedir os seus cidadãos de comprar dívida soberana russa e de se envolverem em negócios financeiros com as províncias de Lugansk e Donetsk.
O primeiro-ministro, Justin Trudeau, decidiu reforçar as restrições contra a Rússia, visando 62 pessoas e entidades onde se incluem membros da elite russa e os maiores bancos. Ao mesmo tempo o país decidiu cancelar todas as autorizações de exportação.
As sanções, destacou Trudeau, visam atingir os ministros russos da defesa, das finanças e da Justiça.
Por outro lado, o Canadá decidiu dar prioridade aos pedidos de imigração de cidadãos ucranianos.
Taiwan
O Governo de Taiwan anunciou na sexta-feira que se juntaria às sanções económicas contra a Rússia.
Este é um dos países asiáticos que está a coordenar-se com os Estados Unidos para eventualmente restringir a exportação de semicondutores, chips de computadores e outros produtos de alta tecnologia para a Rússia.
Austrália
A Austrália decidiu proibir viagens e impor restrições financeiras a alguns membros permanentes do conselho de segurança da Rússia e aplicar sanções 351 membros da Duma que votaram a favor do envio de tropas russas para a Ucrânia.
O governo australiano vai ainda proibir os cidadãos e as empresas do país de negociarem com os bancos Rossiya, Promsvyazbank, IS, Genbank e Black Sea.
Ao mesmo tempo, o país está a trabalhar com os Estados Unidos para alinhar um conjunto de sanções dirigidas a indivíduos e instituições que colaborem com a Rússia.
Já a Nova Zelândia começou por proibir as viagens para a Rússia e o comércio com suas forças militares e de segurança. Com agências