Quando a guerra na Ucrânia derrota divergências político-ideológicas

Partidos e juventudes partidárias promovem manifestação domingo à tarde, frente à embaixada da Federação Russa, em Lisboa.

Foto

Por vezes, as diferenças político-ideológicas ficam para segundo plano quando em causa está a condenação da invasão militar conduzida pela Rússia a um “país soberano, livre, e independente”, Ucrânia. A convicção é do líder da Juventude Social-Democrata, Alexandre Poço, um dos promotores da manifestação, marcada para domingo à tarde, frente à embaixada da Federação Russa, em Lisboa.

A verdade faz-nos mais fortes

Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.

Por vezes, as diferenças político-ideológicas ficam para segundo plano quando em causa está a condenação da invasão militar conduzida pela Rússia a um “país soberano, livre, e independente”, Ucrânia. A convicção é do líder da Juventude Social-Democrata, Alexandre Poço, um dos promotores da manifestação, marcada para domingo à tarde, frente à embaixada da Federação Russa, em Lisboa.

As juventudes partidárias (do PS, PSD e CDS) e os partidos Livre, Iniciativa Liberal e PAN não ficaram indiferentes a uma das maiores ofensivas no continente europeu desde a II Guerra Mundial e juntaram-se para organizar a manifestação “em profunda condenação da invasão militar” contra a Ucrânia. “A invasão em curso por parte da Rússia é um acto ilegal, ilegítimo e imoral. A soberania e a integridade territorial dos Estados é inviolável, devendo ser preservada e protegida nos termos do direito internacional”, lê-se no manifesto assinado pelas entidades organizadoras (Juventude Socialista, Juventude Social-Democrata, Juventude Popular, Livre, Iniciativa Liberal e PAN).

“A ideia desta manifestação nasceu de conversas entre mim e secretário-geral da JS”, revelou o líder e deputado da JSD, afirmando que o facto de a iniciativa congregar partidos tão diferentes demonstra que esta é uma “manifestação de democratas, de humanistas e de europeístas que não aceitam ver atacada a soberania, a liberdade e a independência de um país europeu por um Estado terceiro”. Por outro lado, Alexandre Poço referiu que “todas as forças democráticas” foram abordadas, com excepção do Chega. O Bloco não subscreveu o manifesto, mas vai estar presente na manifestação. Já a Juventude Comunista Portuguesa, que também foi contactada, não deu nenhuma resposta.

“Para mim, o mais importante é a unidade na condenação da guerra, a unidade na defesa dos valores humanos, na defesa da soberania de um Estado livre e independente como é o caso da Ucrânia. Quando estamos a falar de valores, de combate a uma guerra, promover a paz, esses valores sobrepõem-se às nossas diferenças político-ideológicas. As nossas diferenças valem pouco quando estamos a falar de uma situação de guerra”, reforça Alexandre Poço, vincando que “há momentos em que não podemos ficar neutrais, inactivos”.

O líder da JS, Miguel Costa Matos, mostra-se empenhado em que esta causa se transforme num “movimento abrangente da sociedade portuguesa em defesa da paz e contra a invasão”. “A situação impunha essa resposta da parte das várias organizações políticas da juventude”, sublinha. Afirmando que a sua geração não passou até agora por nenhuma guerra no continente europeu, o secretário-geral da Juventude Socialista encara esta invasão como algo que “choca e indigna” os jovens da sua geração. E, também, é de opinião que “em situações destas, as fronteiras partidárias deixam de fazer sentido”.

“Foi bom ver a nossa geração unir-se desta maneira em torno de uma causa que deveria de ser universal que é a paz”, congratula-se Miguel Costa Matos que repudia as acções de Putin, ao mesmo tempo que advoga uma resolução pacífica para o conflito.

Tomás Cardoso Pereira, do Livre, fala de uma “adesão espontânea” à ideia de promover uma manifestação e diz que o tema mereceu a unanimidade da direcção do partido.“Não vejo razão nenhuma para não nos juntarmos à manifestação”, declarou ao PÚBLICO, reconhecendo que “não é muito normal ver organizações conjuntas em iniciativas desta natureza”. “Apesar de haver muita coisa que nos separa politicamente no nosso quotidiano e de termos visões diferentes sobre muitos assuntos, perante uma situação desta dimensão, estamos aqui unidos e deveríamos condenar inequivocamente esta invasão e promover uma iniciativa pela paz”, defende Tomás Cardoso Pereira, da direcção do Livre.

O dirigente partidário refere-se a Vladimir Putin como “uma personagem perigosa e imprevisível” e diz que “estes dias vão moldar a ordem internacional que vamos ter daqui para a frente”.

Quem também se associou à iniciativa foi o Conselho Nacional de Juventude, que é a Plataforma representativa das organizações de juventude de âmbito nacional, abrangendo as mais diversas expressões do associativismo juvenil (culturais, ambientais, escutistas, partidárias, estudantis, sindicalistas e confessionais), segundo assegurou o secretário-geral da Juventude Socialista.