Cidade estratégica de Mariupol acorda com sons de explosões e receios de invasão
Habitantes da cidade portuária temem que as forças russas avancem para a controlar, permitindo a Moscovo ligar por terra a Crimeia aos enclaves separatistas.
A população de Mariupol, cidade portuária na costa do mar de Azov, no Sudeste da Ucrânia, acordou esta quinta-feira com o som de explosões. Algumas pessoas começaram de imediato a fazer as malas para fugir depois de a Rússia ter invadido o seu país.
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A população de Mariupol, cidade portuária na costa do mar de Azov, no Sudeste da Ucrânia, acordou esta quinta-feira com o som de explosões. Algumas pessoas começaram de imediato a fazer as malas para fugir depois de a Rússia ter invadido o seu país.
O principal porto no Leste da Ucrânia, Mariupol não foi atacada no arranque desta invasão, mas os habitantes temem que rapidamente se torne um alvo dos russos devido à sua importância estratégica e à localização a apenas dez quilómetros de áreas controladas por separatistas pró-russos.
Ao mesmo tempo, e apesar das explosões que se ouviam, vindas da direcção dos seus subúrbios mais orientais, outras pessoas começaram por tentar manter as suas rotinas. As siderurgias – importantes para as exportações ucranianas – abriram, e os pescadores sentaram-se ao longo do rio Kalmius, que atravessa a cidade de cerca de meio milhão.
Mas tornou-se claro que muitas lojas não iam abrir e algumas pessoas enchiam os seus carros para deixar a cidade. “Vamos esconder-nos”, disse uma mulher de meia-idade.
Outra residente, Yulia, de 17 anos, explica através da aplicação de mensagens Telegram que a família ainda estava na dúvida sobre o que fazer: “Temos um abrigo em nossa casa, mas não sei se é grande o suficiente e se é seguro”.
Uma jovem de 19 anos, que se identificou apenas como Ira, diz que depois das explosões da manhã está “tranquila face ao presente”, visto que “todas as comunicações estão a funcionar”.
Os separatistas pró-russos não atacaram Mariupol quando tomaram partes do Leste da Ucrânia no conflito que começou em 2014. Fazê-lo agora permitiria a Moscovo ligar por terra a Crimeia, que controla, aos enclaves separatistas, e controlar completamente a costa do mar de Azov, aumentando a pressão económica sobre o Governo ucraniano.
A ocidente da cidade, uma nuvem de fumo saía de um incêndio numa instalação militar. Uma colina blindada ucraniana passava com grande estrondo ao longo de uma estrada nos arredores de Mariupol, com soldados em tanques a fazerem sinais de vitória aos carros que passavam e buzinavam em apoio.
Mais adiante na estrada, nas cidades de Mangush e Berdyansk, junto ao mar de Azov, os carros faziam fila nas bombas de gasolina e as pessoas faziam fila nas caixas multibanco. Lança-mísseis ucranianos são visíveis em várias estradas da região.