Ucrânia encerra portos, Maersk encaminha carga para Turquia e Egipto
Companhia de transporte marítimo também avisou hoje que deixou de receber encomendas para a Ucrânia, e que está a analisar se irá fazer o mesmo para os portos russos.
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O fornecimento de carga por via marítima de e para a Ucrânia está suspenso desde esta quinta-feira, o que pode vir a criar maior pressão fornecimento mundial de cereais, depois da decisão de Kiev de encerrar navegação comercial nos portos do país, no Mar Negro.
A informação, avançada pela Reuters citando um conselheiro do chefe de pessoal do presidente ucraniano, surgiu quase em simultâneo à comunicação do grupo A.P. Moller - Maersk afirmar que deixou de escalar as infra-estruturas portuárias ucranianas.
A companhia Maersk, que rivaliza com a Mediterranean Shipping Company (MSC) na liderança mundial do transporte marítimo de carga, nomeadamente contentores, avisou esta quinta-feira que “as actuais circunstâncias significam que a Maersk decidiu deixar de escalar qualquer porto na Ucrânia”, por tempo indeterminado.
Na mensagem por email, a companhia dinamarquesa adianta ainda que, até nova ordem, irá “deixar de receber encomendas de e para a Ucrânia”. “Os serviços da Rússia mantêm-se, por agora, disponíveis”, afirma, alertando, contudo, que “estão potencialmente sujeitos a alterações à medida que as coisas evoluem”. A companhia não explica, nesta questão, se se está a referir somente aos portos russos situados no Mar Negro.
Está planeado, esclarece a Maersk, que a carga actualmente em rota, que tinha os portos ucranianos como destino, “deverá ser planeada para descarga em Port Saíde [Egipto] e Korfez [Mar de Mármara, Turquia]”.
A Maersk contextualiza a decisão de deixar de abastecer os portos do Mar Negro (que banha territórios da Ucrânia, Rússia, Geórgia, Turquia, Bulgária e Roménia) com a “segurança e bem-estar” dos seus empregados “à luz das últimas movimentações [o comunicado nunca fala em invasão] da Rússia na Ucrânia, que viu o conflito irromper” de um dia para o outro – todo o pessoal da companhia dinamarquesa na região está, desde esta quinta-feira, a trabalhar a partir de casa “longe de quaisquer áreas de conflito”, mantendo-se seguros.
As decisões agora tomadas irão agravar a pressão no mercado global de cereais – nomeadamente de milho e trigo, em que a Ucrânia é fornecedora mundial, assim como a Rússia. Em 2020 e nos primeiros 10 meses de 2021 a Ucrânia era o quarto mercado mais importante de importações agro-alimentares para a União Europeia.