Jia Zhang-ke vai alternando os documentários e as ficções, mas o objecto da sua observação continua a ser o mesmo: as transformações da sociedade chinesa, da época revolucionária à época que temos hoje, a maneira como os momentos mais complexos da história chinesa recente cicatrizaram na memória colectiva, a passagem de uma sociedade essencialmente rural a uma sociedade urbanizada e “moderna”.... Até Tocar o Azul do Mar entra na secção documental da obra de Jia, e o mínimo que se pode dizer é que já o vimos usar os trâmites do documentário de forma mais entusiasmante do que o que faz aqui. Não é o seu primeiro filme a contar com uma estrutura em que são decisivos os depoimentos para a câmara, as “cabeças falantes”, mas não nos lembramos de outro filme dele que dependa quase tão exclusivamente disso — os momentos que abandonam a oralidade tem tendência a parecer-se com meras pontuações, pequenas respirações, invariavelmente bonitas mas só espaçadamente significativas de per se (como quando Jia monta excertos de imagens antigas, algumas, juraríamos, tiradas de velhos filmes dele, da região de Fenyang, local nevrálgico da sua obra e zona de onde ele, “homem de Fenyang” como dizia o título do documentário de Walter Salles, é oriundo).
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Jia Zhang-ke vai alternando os documentários e as ficções, mas o objecto da sua observação continua a ser o mesmo: as transformações da sociedade chinesa, da época revolucionária à época que temos hoje, a maneira como os momentos mais complexos da história chinesa recente cicatrizaram na memória colectiva, a passagem de uma sociedade essencialmente rural a uma sociedade urbanizada e “moderna”.... Até Tocar o Azul do Mar entra na secção documental da obra de Jia, e o mínimo que se pode dizer é que já o vimos usar os trâmites do documentário de forma mais entusiasmante do que o que faz aqui. Não é o seu primeiro filme a contar com uma estrutura em que são decisivos os depoimentos para a câmara, as “cabeças falantes”, mas não nos lembramos de outro filme dele que dependa quase tão exclusivamente disso — os momentos que abandonam a oralidade tem tendência a parecer-se com meras pontuações, pequenas respirações, invariavelmente bonitas mas só espaçadamente significativas de per se (como quando Jia monta excertos de imagens antigas, algumas, juraríamos, tiradas de velhos filmes dele, da região de Fenyang, local nevrálgico da sua obra e zona de onde ele, “homem de Fenyang” como dizia o título do documentário de Walter Salles, é oriundo).