Relator especial da ONU pede 60 milhões de vacinas para a Coreia do Norte

Tomás Ojea Quintana afirma que esse gesto será “a chave” para abrir o regime de Kim Jong-un.

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O regime de Kim Jong-un garante que a Coreia do Norte não tem registo de qualquer caso de covid-19 no país KCNA/Reuters

O relator especial das Nações Unidas para a situação dos direitos humanos na Coreia do Norte pediu esta quarta-feira que a comunidade internacional envie 60 milhões de doses de vacinas contra a covid-19 para ajudar o país “a sair do isolamento”.

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O relator especial das Nações Unidas para a situação dos direitos humanos na Coreia do Norte pediu esta quarta-feira que a comunidade internacional envie 60 milhões de doses de vacinas contra a covid-19 para ajudar o país “a sair do isolamento”.

Numa conferência de imprensa em Seul, capital sul-coreana, Tomás Ojea Quintana afirmou, citado pela agência de notícias da Coreia do Sul, Yonhap, que as vacinas “são a chave para abrir a fronteira” da Coreia do Norte e retirá-la do isolamento.

O advogado argentino, explicou que as medidas draconianas impostas pelo Governo de Kim Jong-un, desde o início de 2020, para tentar combater a pandemia estão a agravar a crise alimentar no país, que já era problemática, atingindo gravemente a economia e paralisando o comércio.

Devido a esse auto-isolamento internacional, num país que já é dos mais isolados do mundo, Ojea Quintana acredita que as más condições de direitos humanos no país se agravem ainda mais. Daí que um gesto de solidariedade internacional sem quid pro quo poderá ser bem recebido por Pyongyang e permitir, quiçá, que a paralisada diplomacia nuclear possa ser reatada.

Segundo o relator da ONU, a Coreia do Norte parece ter recusado as vacinas que lhe estavam destinadas através do mecanismo da COVAX, porque as autoridades norte-coreanas temem que as mesmas viessem com “algum tipo de pressão externa” – recebendo apenas uma parte e pressão para alguma abertura em troca de mais doses.

A Coreia do Norte continua a garantir que não registou qualquer caso de infecção pelo SARS-CoV-2 no país, mas não tem qualquer campanha de vacinação contra o coronavírus e mantém as fronteiras fechadas – o que obrigou à saída dos trabalhadores humanitários estrangeiros, o que agravou a crise alimentar.

A Organização Mundial de Saúde refere que o país, de 26 milhões de habitantes, realizou até agora 13.259 testes de covid-19, todos eles com resultado negativo.