Linhagem BA.2 da variante Ómicron atinge 42,5% dos casos e é “evolução normal” dos coronavírus
A Organização Mundial da Saúde adiantou que, com base nos dados disponíveis de transmissão, gravidade, reinfecção, diagnóstico, terapêutica e impacto nas vacinas, a BA.2 deve continuar a ser considerada uma variante de preocupação e deve permanecer classificada como Ómicron.
A linhagem BA.2 da variante Ómicron do coronavírus SARS-Cov-2, considerada mais transmissível do que a BA.1, já representa 42,5% das amostras analisadas pelo Insa, um aumento de prevalência que o virologista Pedro Simas considera ser uma “evolução normal”.
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A linhagem BA.2 da variante Ómicron do coronavírus SARS-Cov-2, considerada mais transmissível do que a BA.1, já representa 42,5% das amostras analisadas pelo Insa, um aumento de prevalência que o virologista Pedro Simas considera ser uma “evolução normal”.
“O valor preditivo deste indicador para identificar casos suspeitos da linhagem BA.2 é agora mais robusto, pelo que se estima que esta linhagem represente 42,5% das amostras positivas ao dia 20 de Fevereiro de 2022”, refere o relatório sobre a diversidade genética do SARS-CoV-2 do Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge (Insa) divulgado esta quarta-feira.
Segundo o documento, a BA.2, que partilha várias características genéticas com a BA.1 - duas linhagens classificadas pela Organização Mundial de Saúde (OMS) como variante Ómicron - foi detectada pela primeira vez em Portugal em amostragens aleatórias por sequenciação na semana de 27 de Dezembro a 2 de Janeiro.
“A sua frequência relativa tem aumentado paulatinamente desde então”, adianta o Insa, ao referir ainda que os dados de sequenciação indicam que essa prevalência tem crescido em todas as regiões, representando mais 15% das sequências analisadas por região de 7 a 13 de Fevereiro, à excepção dos Açores, onde terá iniciado uma circulação comunitária mais tarde.
Num comunicado divulgado esta terça-feira sobre esta linhagem, a Organização Mundial da Saúde (OMS) adiantou que, com base nos dados disponíveis de transmissão, gravidade, reinfecção, diagnóstico, terapêutica e impacto nas vacinas, a BA.2 deve continuar a ser considerada uma variante de preocupação e deve permanecer classificada como Ómicron.
Segundo a OMS, “estudos preliminares sugerem que a BA.2 parece ser mais transmissível do que a BA.1”, mas a organização salienta que os dados do mundo real sobre a gravidade clínica na África do Sul, Reino Unido e Dinamarca, onde a imunidade da vacinação e de infecção natural é alta, indicam que “não houve diferença relatada na gravidade entre BA.2 e BA.1”.
“A reinfecção com a BA.2, após a infecção pela BA.1, foi documentada, no entanto, dados iniciais de estudos de nível populacional sugerem que a infecção com a BA.1 fornece forte protecção contra reinfecção com BA.2”, indica ainda a OMS.
Em declarações à Lusa, o virologista Pedro Simas corroborou que a “BA.2 é mais eficiente a transmitir-se na comunidade do que a antecedente”, mas considerou que esta linhagem resulta da “evolução normal dos coronavírus, com pequenas mudanças que os tornam mais competitivos”.
“O que vai acontecer é que a BA.2 vai preencher o nicho da BA.1, que era dominante em Portugal”, mas sem provocar, em princípio, uma grande vaga de infecções, estimou o especialista.
“Neste momento, a BA.2 é mais eficiente a disseminar-se que a sua parental BA.1, mas o que é importante é que a imunidade conferida pela BA.1, especialmente em pessoas vacinadas, é muito eficiente a previr a infecção”, adiantou.
De acordo com Pedro Simas, que aconselha a monitorização da BA.2, “não há relato nenhum de que a BA.2 seja mais virulenta” do que as linhagens antecedentes da variante Ómicron.
O virologista explicou ainda que a BA.2 não se pode ser considerada uma nova variante do SARS-CoV-2, uma vez que não apresenta características biológicas que a diferencem da linhagem parental. “Esta tem uma pequena vantagem em disseminar-se, mas em termos de virulência e de evasão ao sistema imunológico, não é suficientemente diferente para se considerar uma variante” nova, referiu o investigador do Instituto de Medicina Molecular da Universidade de Lisboa.