Taliban prometem criar “grande exército” com antigos membros das forças de segurança
Os taliban pretendem organizar um novo “grande exército” para o país constituído por mais de 100 mil pessoas. O maior obstáculo é o estado de falência do Afeganistão.
Os taliban querem criar um “grande exército"no Afeganistão que vai incluir soldados e oficiais que serviram no regime anterior, num total de 110 mil homens, anunciou Latifullah Hakimi, um alto funcionário do Ministério da Defesa que chefia a comissão encarregada de identificar abusos dentro do próprio movimento.
A verdade faz-nos mais fortes
Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.
Os taliban querem criar um “grande exército"no Afeganistão que vai incluir soldados e oficiais que serviram no regime anterior, num total de 110 mil homens, anunciou Latifullah Hakimi, um alto funcionário do Ministério da Defesa que chefia a comissão encarregada de identificar abusos dentro do próprio movimento.
“O nosso trabalho na formação de um exército continua. Os profissionais, incluindo pilotos e engenheiros, soldados e oficiais, pessoal de serviços, logística e administração do antigo regime têm o seu lugar no sector de segurança. Formaremos um exército de acordo com as necessidades do país e com os interesses nacionais”, revelou Hakimi. Estaremos perante um “grande exército”, acrescentou, explicando que já conta com 80 mil inscritos.
Hakimi também não revelou como vai financiar este exército, tendo dito apenas que as suas dimensões irão de encontro àquilo que o país pode pagar. O Afeganistão tem os cofres praticamente vazios e encontra-se falido desde os cortes da ajuda internacional em Agosto, que financiava quase 80% do orçamento. Para além disto, os 9,5 mil milhões de dólares activos no Banco Central afegão estão actualmente congelados nos Estados Unidos. Metade do montante será reservado para um fundo de compensação às vítimas dos ataques do 11 de Setembro e o resto será libertado gradualmente em forma de ajuda humanitária monitorizada.
No regresso ao poder, os taliban decretaram uma amnistia geral e asseguraram que os militares e funcionários do antigo governo não estavam sob qualquer ameaça, mas houve relatos de detenções arbitrárias e assassínios. A maioria dos altos funcionários, quer militares quer governamentais, deixou o país durante a retirada de mais de 120 mil pessoas, nos últimos dias de Agosto, e os que lá permaneceram mantêm a discrição por medo de represálias do novo regime.
Entre Agosto e Janeiro, segundo um relatório das Nações Unidas, os taliban e o Daesh mataram mais de 100 antigos membros do Governo, das forças de segurança afegãs e outros afegãos que tinham trabalhado com tropas estrangeiras. Hakimi assegurou que se a amnistia não tivesse sido decretada a situação teria sido bastante mais grave.
O Governo dos radicais islamistas diz entretanto já ter reparado metade dos 81 helicópteros e aviões abandonados pelas forças norte-americanas e aliados durante a retirada do país. Apreenderam também um total de cerca de 300 mil armas ligeiras, 26 mil armas pesadas e 61 veículos militares