Rui Moreira elogia manutenção da sede da Liga no Porto e critica os “campos inclinados” do país

Emblemático edifício da Arena Liga Portugal começou a ser construído esta terça-feira e deve estar pronto no início de 2023. Investimento de 18 milhões acontece em terreno cedido pela autarquia. Rui Moreira aproveitou para criticar distribuição de verbas do PRR: “Os campos não devem estar inclinados”

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Quando há três anos Pedro Proença foi à Câmara do Porto com uma “ideia”, mas ainda sem “maquetes”, sobre aquela que seria a futura sede da Arena Liga Portugal, Rui Moreira não hesitou em escancarar a porta. O presidente da Câmara do Porto fez questão de recordar o momento esta terça-feira, durante a cerimónia de lançamento da primeira pedra do edifício, para sublinhar a importância da manutenção da instituição na cidade, “contrariando a debandada de várias instituições públicas para Lisboa”. E não perdeu oportunidade de falar das assimetrias do país.

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Quando há três anos Pedro Proença foi à Câmara do Porto com uma “ideia”, mas ainda sem “maquetes”, sobre aquela que seria a futura sede da Arena Liga Portugal, Rui Moreira não hesitou em escancarar a porta. O presidente da Câmara do Porto fez questão de recordar o momento esta terça-feira, durante a cerimónia de lançamento da primeira pedra do edifício, para sublinhar a importância da manutenção da instituição na cidade, “contrariando a debandada de várias instituições públicas para Lisboa”. E não perdeu oportunidade de falar das assimetrias do país.

A escolha do terreno para albergar o edifício obedeceu a uma “grande ponderação” mas acabou por ser uma opção “óbvia”. Em Ramalde, na Rua Padre Diamantino Gomes, a sede da Liga vai ajudar a “reabilitar” uma zona da cidade “muito bonita e com habitação de qualidade, mas onde faltam serviços”, sublinhou o autarca. Junto ao parque da Granja e da ribeira que deverá ser reabilitada, este espaço fará do Porto “casa” para “um centro de excelência para o futebol, nas áreas da formação e da investigação”.

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O edifício ficará na freguesia de Ramalde, no Porto DR
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Edifício foi desenhado por gabinete de arquitectura do Porto DR

Para a cerimónia onde marcaram presença vários autarcas, dirigentes de clubes de futebol de todo o país - dos três grandes só Frederico Varandas esteve ausente - e o antigo presidente da Liga Portuguesa de Futebol, Valentim Loureiro, montou-se uma tenda onde a frase que Pedro Proença repetiria no seu discurso se escreveu por todo o lado. “Aqui será o futuro. Não há melhor slogan do que este para este momento”, referiu o presidente do organismo que gere o futebol profissional em Portugal.

O dirigente recordou que o futebol contribuiu com 550 milhões de euros para o PIB do último ano e mostrou-se optimista quanto ao futuro. “A nova sede vai permitir-nos estar no primeiro plano da economia do futebol europeu.” O edifício de sete pisos, que representa um investimento de 18 milhões de euros, permitirá dar resposta à produção de conteúdos que a centralização dos direitos televisivos, prevista para 2027, exigirá.

Sustentável e vanguardista

A sede da Arena Liga Portugal, desenhada pelo gabinete portuense OODA, também envolvido no projecto de reabilitação do antigo Matadouro Industrial do Porto, será um edifício “icónico” da cidade, congratulou-se Pedro Proença, classificando ainda o espaço como sustentável e vanguardista. A casa da Arena Liga Portugal terá um museu dedicado ao futebol profissional, centro de formação, incubadora de empresas, sala multiusos e auditório para 300 pessoas, uma praça do futebol para dias de jogos (com capacidade para mil adeptos), uma zona high tech, loja com as 34 marcas do futebol nacional representadas e um restaurante panorâmico.

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Será também ali que irá desenvolver-se, em parceria com a Universidade Católica e a Liga Espanhola, a primeira licenciatura mundial em organização e futebol profissional, um curso que poderá receber 100 estudantes.

Valentim Loureiro, responsável pela antiga sede na Rua da Constituição – espaço cedido pelo executivo de Fernando Gomes, no final dos anos 90, e que a câmara vai agora recuperar – fez questão de felicitar Pedro Proença pelo projecto. Com ele, disse, o antigo árbitro de futebol conseguirá algo importante: “Vai fazer com que a Liga Portuguesa nunca mais saia do Porto e do Norte.”

Era uma conquista sentida por vários dirigentes e autarcas presentes na cerimónia e que Rui Moreira fez questão de levar escrita no seu discurso. Sobretudo num dia em que as notícias sobre a distribuição das verbas do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) mostram, mais uma vez, as assimetrias do país, argumentou. “Para a Cultura, e porque o Desporto faz parte da Cultura, as verbas inscritas no PRR prevêem 114 milhões de euros para a Área Metropolitana de Lisboa - e acho muito bem -, 19 milhões para o Centro, nove milhões para o Norte, três milhões para o Alentejo e 1,2 milhões para o Algarve. Em matéria de PRR o país está demasiadamente inclinado.”

O autarca do Porto sublinhou que a chamada de atenção nada tem a ver com “guerras Norte/Sul”. Mas antes com uma divisão justa do país. “Para quem gosta do jogo de futebol, do desporto, os campos não devem estar inclinados. Devemos dar condições às várias regiões do país de concorrerem livremente.”