Preço do petróleo em máximos de sete anos, bolsas caem na Ásia após as notícias vindas da Ucrânia
Europa é o principal cliente do petróleo e do gás natural da Rússia. Economia alemã melhora expectativas com alívio da covid-19. Gás natural dispara 7%.
As bolsas asiáticas fecharam no vermelho, as europeias abriram a cair e encerraram mistas, os preços da energia sobem em flecha e investidores procuram refúgio no ouro ou títulos do tesouro, depois das notícias vindas da Ucrânia na segunda-feira à noite.
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As bolsas asiáticas fecharam no vermelho, as europeias abriram a cair e encerraram mistas, os preços da energia sobem em flecha e investidores procuram refúgio no ouro ou títulos do tesouro, depois das notícias vindas da Ucrânia na segunda-feira à noite.
O confronto entre governo russo e governos do Ocidente continua a escalar e o mesmo acontece com os preços do petróleo, que atingiram um valor máximo dos últimos sete anos. De acordo com agências internacionais, neste início de terça-feira, o preço do barril de crude do Mar do Norte (Brent) no mercado de futuros chegou a subir 2,4% durante esta manhã, para 97,66 dólares, tendo esbatido os ganhos para cerca de 1,33% durante o meio da tarde. O receio de problemas na exportação de energia a partir da Rússia, com eventuais sanções económicas por parte do Ocidente no horizonte, estará associado a este movimento de preços.
Ainda na energia, o gás natural para entrega no próximo mês na Europa viu o preço subir 7%, para 78,50 euros por MWh.
A Europa é o principal cliente do petróleo e do gás natural russo, sendo por isso a principal fonte de receita para Moscovo. Se a subida da inflação já tinha posto em cima da mesa uma antecipação da subida das taxas de juro por parte do Banco Central Europeu, a pressão contínua sobre os preços do gás e do petróleo acrescentam ainda mais volatilidade.
É cedo para perceber que impacto duradouro terão as notícias vindas do Leste. Índices bolsistas como o Ibex em Espanha e o PSI em Portugal corrigiram para terreno positivo depois de uma abertura em quebra. O mesmo sucedeu nas bolsas de Inglaterra, França e Alemanha. No fecho, as principais praças europeias comportaram-se de forma mista. O alemã DAX recuou 0,26% face ao fecho de ontem, o francês CAC 40 cedeu 0,01%, o britânico FTSE 100 ganhou 0,13% e, na Península Ibérica, o espanhol IBEX 35 valorizou 0,05% e o português PSI20 recuou 0,52%. Na Rússia, o Moex encerrou com ganhos de 1,6% face ao fecho desta segunda-feira, sessão em que tinha perdido 10,5%.
Afinal, nem tudo foram más notícias nesta manhã. Na Alemanha, as expectativas dos empresários da maior economia europeia são as melhores desde o Verão de 2021, apesar da crise ucraniana ser reconhecidamente apontada como um factor de risco.
De acordo com o índice mensal que mede a confiança dos empresários alemães, o sentimento "melhorou consideravelmente” em Fevereiro. O índice medido pelo instituto bávaro Ifo (instituto de pesquisa económica sediado em Munique) regista uma subida de 96 pontos em Janeiro para 98.9 em Fevereiro.
Segundo o instituto, esta melhoria fez-se sentir tanto no sector industrial como nos serviços e na construção e comércio e deve-se à percepção alemã de que a crise do coronavírus terá aliviado depois de se ter ultrapassado o pico de infecções pela variante Ómicron.
No mercado cambial, o cenário para já é de maior acalmia, mas o rublo caiu para mínimos em 15 meses, para 80 rublos por dólar. O índice bolsista russo Moex já tinha caído 10,5% na sessão anterior e mantém a tendência, caindo mais 9%. É a maior quebra desde 2014, quando a Rússia anexou a Crimeia.
As bolsas asiáticas preparavam-se para o pior dia do mês, depois de o Presidente russo, Vladimir Putin ter anunciado que reconhecia duas províncias separatistas na Ucrânia e que ordenara o envio de “forças de paz" para as autoproclamadas repúblicas Donetsk e Lugansk.
O índice de Hong Kong caiu mais de 3%. O de Tóquio escorregou 1,7% e na China houve uma quebra de 1,3%. Coreia do Sul também estava em terreno negativo. Em Wall Street, a expectativa é de perda. A principal bolsa dos EUA esteve encerrada durante um fim-de-semana prolongado, mas as negociações no mercado de futuros deixam antever que, na reabertura, se vai prolongar a tendência de queda registada no último fecho, na sexta-feira, dia 18.
Antevia-se por isso uma manhã no vermelho quando a Europa despertasse e assim acontece. O Stoxx 600 perdia 0,89% às 9h, tendo Lisboa alinhado na mesma tendência das suas congéneres europeias. No arranque do dia, o índice principal da bolsa portuguesa chegou a desvalorizar 2,26%, estando a cair 0,36% para 5473,56, cerca das 9h. Pelas 11h15, já tinha invertido a trajectória, subindo 0,44% para 5517,46.
Mesmo assim, a ameaça de guerra levou alguns investidores a procurar alternativas menos voláteis do que o mercado das acções. Os títulos do Tesouro nos EUA subiram, empurrando o rendimento a dez anos abaixo de 1,90%. O preço do ouro, por seu lado, tem estado a oscilar.
Actualizado com fecho das bolsas na Europa