A Rainha e a Bastarda é a senhora que se segue nas séries da RTP1

Estreia-se esta quarta-feira uma ficção histórica baseada num livro de Patrícia Müller protagonizada por Paulo Rocha, Maria João Bastos ou Anabela Moreira. A sucessão de D. Dinis, a rainha santa e um crime transportam o espectador para a Idade Média portuguesa.

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Anabela Moreira e Maria João Bastos como Vataça e a rainha santa Isabel Pedro Pina/RTP

Na última década, a RTP1 já ultrapassou a fasquia das 15 séries de ficção histórica — A Rainha e a Bastarda é a senhora que se segue e mergulha os espectadores saídos da contemporaneidade de Causa Própria no século XIV português. Pesadas cotas de malha, espadeiradas e uma corte dilacerada por uma guerra de sucessão que ensombra até os encantos da rainha Santa Isabel são parte do enredo da série, baseada no romance homónimo de Patrícia Müller e protagonizada por Paulo Rocha, Anabela Moreira, Maria João Bastos, Rúben Gomes e Diogo Martins.

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Na última década, a RTP1 já ultrapassou a fasquia das 15 séries de ficção histórica — A Rainha e a Bastarda é a senhora que se segue e mergulha os espectadores saídos da contemporaneidade de Causa Própria no século XIV português. Pesadas cotas de malha, espadeiradas e uma corte dilacerada por uma guerra de sucessão que ensombra até os encantos da rainha Santa Isabel são parte do enredo da série, baseada no romance homónimo de Patrícia Müller e protagonizada por Paulo Rocha, Anabela Moreira, Maria João Bastos, Rúben Gomes e Diogo Martins.

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Paulo Rocha como o conde Lopo PEDRO PINA/RTP

A ficção histórica, ancorada no acervo de um país com quase mil anos de passado e que conserva cenários patrimoniais bem preservados, tem sido uma aposta regular da estação pública, sobretudo desde que a direcção de programas tornou as séries uma linha de produção prioritária. Da ficção científica cruzada com fantasia de Ministério do Tempo à comédia sobre o passado recente de 1986, passando por O Atentado, A Espia ou Depois do Adeus, muitas foram as estreias dos últimos anos. Agora, é a vez da Idade Média e do drama puro e duro, que fez o actor Paulo Rocha interromper uma longa pausa nas séries para, depois de Liberdade 21 (2010) e com muitas novelas de permeio, voltar a este formato. E a Portugal.

“Estou no Brasil há 11 anos”, diz ao PÚBLICO em jeito de contextualização, “e esta pandemia e o final dos contratos de exclusividade com a Globo permitiram a disponibilidade de agenda”. Estava a fazer a novela da SIC Amor Amor e, quase no fim das gravações, chegaram o convite e o guião de A Rainha e a Bastarda. “Fiquei completamente apaixonado pela personagem, pela multiplicidade e humanidade que ele tem.”

Apesar de o título pôr duas mulheres, e sobretudo a rainha Isabel (Maria João Bastos), bem ao centro da intriga, Paulo Rocha tem uma proeminência útil para o espectador: é o narrador, o guia, uma personagem ficcional mas que se entrelaça com a guerra e com a violência causadas pela luta do futuro Afonso IV (Diogo Martins) pela sucessão do trono, recusando a preferência de D. Dinis (Rúben Gomes) pelo filho bastardo, Afonso Sanches. “O desenrolar dos imprevistos da História de Portugal acaba por se misturar com a tragédia que se abate na vida do Lopo ao longo da série. O caminho dele acaba por ser tortuoso também”, explica Paulo Rocha sobre o seu conde Lopo Aires Teles.

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Rúben Gomes como D. Dinis PEDRO PINA/RTP

“Foi o guerreiro mais valente e valioso, companheiro quase irmão do rei D. Dinis. Dividi-o em duas vidas — a vida no castelo, na corte, de paixão como cavaleiro e protector do rei, e o lado familiar em que tem a desgraça de ter perdido um filho”, continua. Aos 40 anos, “já é vetusto” para a Idade Média, assinala o actor, e quer voltar para junto da família. Mas a morte da bastarda Maria Afonso, a favorita de D. Dinis, impede-o, e impele esta história de oito episódios.

A série realizada por Sérgio Graciano estreia-se esta quarta-feira na RTP1 e na RTP Play e tem uma atmosfera a condizer com a Idade Média — choques morais, luzes trémulas, um abismo entre a nobreza e os pobres, solenidade. A rodagem, apenas oito semanas em trânsito por alguns dos mais emblemáticos monumentos portugueses, como o Castelo de Marvão e o Mosteiro de Alcobaça, e com escalas também em localidades-património como ou Óbidos ou Sintra, foi o contrário. “Só não parece divertido entre o ‘acção’ e o ‘corta’, porque para nós o antes e o depois foi um processo muito prazeroso”, ri Paulo Rocha. Mesmo com o peso não só da responsabilidade de representar um momento histórico importante para o país, mas também das cotas de malha metálica que os actores tinham de carregar: “Eram um peso inenarrável, aproximadamente 25 quilos”, recorda. “Gravámos a cena da batalha em Sintra durante dois dias e só as tirávamos para almoçar. Lutar com elas foi uma experiência.”

Há um lado positivo nas cotas de malha, ainda assim. “O facto de os cenários serem os originais, o guarda-roupa, isso ajuda-nos muito a desconstruir a nossa percepção de realidade actual e a construir essa realidade imagética, de época”, explica Paulo Rocha.

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Diogo Martins como o futuro rei Afonso IV Pedro Pina/RTP

Além da rainha, do rei, do príncipe e do conde, há ainda a importante aia, Vataça, interpretada por Anabela Moreira. É com ela que Paulo Rocha exemplifica as vantagens de trabalhar numa série, que dá muito mais tempo para o perfeccionismo do que uma novela. “Na última cena, de quatro páginas e meia [no guião], com a Anabela: fizemos 24 takes até chegarmos ao que queríamos.”

A produção de A Rainha e a Bastarda cabe à Fado Filmes e entre os restantes nomes do elenco estão actores como Sérgio Praia, Diogo Mesquita, Miguel Raposo, Carolina Carvalho, Pedro Giestas, André Gago, Lourenço Ortigão, Bárbara Branco, Ana Padrão, Madalena Almeida e João Nunes Monteiro.

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Maria Afonso, a filha bastarda de D. Dinis Pedro Pina/RTP