O lado social dos escritórios e a flexibilidade
O escritório como um local com secretárias onde as pessoas passam o dia à frente do seu computador é uma visão ultrapassada. Mas não estou nada convencido de que os escritórios vão desaparecer.
Decorridos quase dois anos de pandemia de covid-19, não há forma de não retirarmos aprendizagens de tudo o que tem acontecido. No contexto das empresas, a forma de gerir colaboradores e escritórios sofreu uma total mudança de paradigma.
A verdade faz-nos mais fortes
Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.
Decorridos quase dois anos de pandemia de covid-19, não há forma de não retirarmos aprendizagens de tudo o que tem acontecido. No contexto das empresas, a forma de gerir colaboradores e escritórios sofreu uma total mudança de paradigma.
Mais do que um desafio, a normalização do trabalho remoto tornou-se numa oportunidade. Numa oportunidade para encontrar talento em diversas áreas e também para “libertar” o talento que temos nas nossas organizações e não ficarmos presos a barreiras geográficas de qualquer tipo. E, após todo este tempo com pessoas a trabalhar de várias formas e a partir de diferentes lugares, acho que o argumento já está mais do que provado: temos muito a ganhar.
Mas, como empregadores, há uma questão que se destaca: como mantemos e reforçamos um dos nossos principais trunfos neste competitivo mundo laboral? Como impedimos que a nossa cultura e identidade organizacional se desvaneça?
O escritório como um local com secretárias onde as pessoas passam o dia à frente do seu computador é uma visão ultrapassada. Mas não estou nada convencido de que os escritórios vão desaparecer. Creio ser mais provável (e, francamente, desejo-o) que se transformem antes num local de incentivo à colaboração, onde podem ser trocadas ideias e desenvolvidos conceitos criativos. Mas, acima de tudo até, em espaços sociais. Promover iniciativas que fomentem este lado (aulas de ioga, clubes de jogos, clubes de livros…) ajudará a fortalecer a ligação entre as equipas e, arrisco dizer, que esta terá potencial para se tornar mais forte do que a ligação pré-existente, apenas sustentada pela presença no mesmo espaço físico.
Mas não creio em fórmulas perfeitas e quando falamos de pessoas sabemos que todas têm características individuais. É por isso que confio em micro-pólos de decisão, em que as equipas tenham liberdade para decidir a forma de trabalhar que funciona melhor para si, e da maneira como se sentem mais confortáveis, até no que diz respeito a regras sanitárias, como testagem à covid-19 ou Certificado de Vacinação. Considero mesmo fundamental conferir às equipas autonomia e responsabilidade para que tenham a sua própria organização dentro da empresa, para que todos os seus elementos se sintam confortáveis e respeitados.
Sabemos que este tipo de flexibilidade exige um alto nível de colaboração, maturidade e compromisso, mas temos muito bons exemplos desta liberdade posta em prática sem comprometer o desempenho das equipas; até pelo contrário. Uma relação de confiança mútua entre empresa e colaborador só tem aspectos positivos a acrescentar a um e a outro. Para o colaborador, há um bem-estar subjacente ao trabalho. Para a empresa, há mais dedicação por parte do colaborador. E estas transformam-se nas ligações laborais mais duradouras e valiosas.
Encontrar este equilíbrio será o aspecto-chave para as empresas nos próximos anos. No fim de contas, o que interessa é que o valor em frente do cliente se mantenha e que os colaboradores se sintam felizes e queiram ficar.