Morreu o “David da Buraca”. De uma tasca, David Alves Rodrigues cozinhou um culto

Celebrizado como David da Buraca, o nome da casa de culto aberta há mais de meio século, criou um pequeno império da restauração em Benfica, Lisboa. Morreu aos 82 anos, mas “o seu legado fica vivo”, diz o filho Paulo Rodrigues.

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David Alves Rodrigues tinha 82 anos Restaurante David da Buraca

David Alves Rodrigues, celebrizado como David da Buraca, o nome da casa que fundou há mais de meio século, morreu esta quarta-feira aos 82 anos.

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David Alves Rodrigues, celebrizado como David da Buraca, o nome da casa que fundou há mais de meio século, morreu esta quarta-feira aos 82 anos.

Era “o homem mais generoso, humano, trabalhador e amigo”, escreveu o filho e continuador do legado, Paulo Rodrigues, sobre o homem que da tasca da Buraca, tornada de culto, iria construindo um grupo que viria a incluir o Solar do Benfica e o restaurante David, além de cafetaria, tudo em Benfica, Lisboa — entre outros investimentos numa quinta em Caneças ou casa de artesanato.

“Partiu mas o seu legado fica vivo em todos aqueles que tiveram o prazer de se cruzar com ele no seu caminho”, lembra Paulo Rodrigues na sua página de Facebook.

Nascido em Ponte de Lima, foi um grande embaixador da gastronomia e cultura do concelho, tendo sido sócio fundador da Casa do Concelho de Ponte de Lima em Lisboa. Foi “com profundo pesar” que a direcção desta casa noticiou a morte de David Rodrigues. “Um homem exemplar que tanto contribuiu para o erguer desta casa”, sublinha-se: “Queremos expressar todo o nosso eterno agradecimento”.

Nascido a 3 de Abril de 1939 na aldeia de Cerquido, Estorãos, começou a trabalhar em Lisboa, para onde se mudou aos 12 anos. Da venda de carvão foi aprendendo o negócio da restauração, até, anos depois, se meter no negócio e abrir a “tasca” que o tornaria famoso, assinala José Pereira Fernandes numa página biográfica dedicada ao distinto limiano no site Ponte de Lima Cultural.

Casado com Maria Martins Matos, tiveram três filhos e foram cozinhando com mão certeira uma gastronomia que conquistou muitos (e alguns célebres) fiéis, de políticos a artistas e futebolistas, com o Benfica a contribuir e muito com comensais e estrelas. Grande apoiante da sua terra, como realça o Ponte de Lima Cultural, contribuía para vários eventos festivos e culturais e chegava a oferecer “centenas de refeições a grupos musicais que se deslocam de Ponte de Lima a Lisboa”.

O funeral realiza-se esta sexta-feira, com missa às 15h na Igreja de Benfica, seguindo o cortejo para o cemitério do Alto de São João.