Valieva competiu mas uma queda tirou-lhe a medalha
As várias falhas que Kamila Valieva registou na sua performance afastaram-na do pódio, embora fosse a favorita ao ouro.
A atleta russa de 15 anos Kamila Valieva, que tem estado envolta numa polémica associada à utilização de substâncias proibidas, acabou por ficar a um lugar de distância do pódio na competição individual de patinagem artística dos Jogos Olímpicos de Inverno, nesta quinta-feira. Favorita à conquista do ouro, Valieva fechou a prova 50 pontos aquém do seu recorde pessoal (224.09), embora tivesse entrado em cena na liderança, graças às boas pontuações conseguidas no programa curto, dois dias antes. As falhas da adolescente acabaram por empurrar as suas duas colegas de equipa para o pódio, Anna Shcherbakova e Alexandra Trusova. A japonesa Kaori Sakamoto conseguiu um terceiro lugar inesperado.
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A atleta russa de 15 anos Kamila Valieva, que tem estado envolta numa polémica associada à utilização de substâncias proibidas, acabou por ficar a um lugar de distância do pódio na competição individual de patinagem artística dos Jogos Olímpicos de Inverno, nesta quinta-feira. Favorita à conquista do ouro, Valieva fechou a prova 50 pontos aquém do seu recorde pessoal (224.09), embora tivesse entrado em cena na liderança, graças às boas pontuações conseguidas no programa curto, dois dias antes. As falhas da adolescente acabaram por empurrar as suas duas colegas de equipa para o pódio, Anna Shcherbakova e Alexandra Trusova. A japonesa Kaori Sakamoto conseguiu um terceiro lugar inesperado.
Quando, há dez dias, Valieva ajudou a sua equipa a vencer a competição de patinagem no gelo com os seus saltos quádruplos, fazendo história por ter sido a primeira mulher a consegui-lo nos Jogos Olímpicos, ainda não tinha o peso da polémica criada pelas acusações de doping de que é alvo.
Os resultados da competição desta quinta-feira surgem nesse contexto: as coisas correram-lhe menos bem, com várias quedas pelo meio no programa que apresentou ao som de Bolero, de Maurice Ravel, e que no fim lhe trouxeram lágrimas à cara e comentários duros por parte da treinadora, Eteri Tutberidze. “Porque é que te deixaste ir? Explica-me, porquê? Porque é que paraste de lutar completamente?”, perguntou-lhe a treinadora.
“Ela não deveria ter pisado o gelo, não deveria ter sido colocada numa posição em que se tornasse o rosto de um problema maior do que ela”, reagiu uma antiga patinadora americana, Ashley Wagner, citada pela Reuters, fazendo referência à grande pressão que a jovem atleta tinha em cima.
O facto de se ter ficado a saber que Valieva tinha acusado a presença de trimetazidina, nos testes que fez há dois meses, por altura de uma competição na Rússia, tem sido alvo de uma acesa discussão entre as várias entidades envolvidas nos Jogos e voltado a levantar ventos quanto ao historial de doping a que os instâncias desportivas da Rússia têm vindo a ser associadas.
Como denunciou Sarah Hirshland, a CEO do Comité Olímpico e Paralímpico dos Estados Unidos, “este parece ser um novo capítulo na história marcada por um desrespeito sistemático e generalizado por um desporto limpo da parte da Rússia”.
No caso de Valieva, a Agência Russa de Antidopagem (RUSADA) suspendera inicialmente a participação da atleta, mas mais tarde veio a reverter a decisão. O Tribunal Arbitral do Desporto (CAS, na sigla inglesa) foi quem teve a última palavra, autorizando, na segunda-feira, que Valieva continuasse a competir. Para além de a russa não ter registado nenhum teste positivo à covid-19 durante estes Jogos e de ser uma “pessoa protegida” perante o Código Mundial Antidoping, por ser menor de idade, “o Painel considerou que impedir a atleta de competir nos Jogos Olímpicos causaria danos irreparáveis”, revelou o CAS num comunicado de imprensa.
Ainda assim, na sequência do “processo disciplinar” que está em curso, a cerimónia de entrega de medalhas da competição por equipas foi suspensa até que a situação fique esclarecida, revelou o Comité Olímpico Internacional, o que pode levar vários meses. Às outras equipas que conquistaram prata e bronze, o Comité decidiu oferecer tochas olímpicas como prémio simbólico e temporário, revelou a agência Associated Press.
O mesmo teria acontecido nesta quinta-feira na competição individual caso Valieva tivesse ficado entre as três primeiras. “Estou feliz por haver uma cerimónia, por irmos receber as nossas medalhas”, expressou Alexandra Trusova, que recebeu a prata, segundo a agência americana. A atleta disse, porém, não ter ficado “feliz com o resultado”. Pensava que os seus cinco saltos quádruplos seriam suficientes para uma vitória.
Já a vencedora, que é apenas dois anos mais velha do que Kamila Valieva, afirmou que ainda não se deu conta de que “a competição terminou e este é o resultado”. “A importância disto é tão grande que ainda não consigo compreendê-la totalmente”, afirmou.