Criticado pela resposta aos protestos antivacinas, chefe da polícia de Otava demite-se
Capital do Canadá está paralisada há 19 dias por causa dos protestos da “Caravana da Liberdade”. Peter Sloly garante que fez tudo para “manter a cidade segura”.
O chefe da polícia de Otava não resistiu às críticas à sua resposta aos protestos antivacinas contra a covid-19 que estão a paralisar a capital do Canadá pela terceira semana consecutiva e apresentou a demissão na terça-feira à noite.
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O chefe da polícia de Otava não resistiu às críticas à sua resposta aos protestos antivacinas contra a covid-19 que estão a paralisar a capital do Canadá pela terceira semana consecutiva e apresentou a demissão na terça-feira à noite.
Peter Sloly é acusado de ter sido demasiado brando com as centenas de camionistas que bloquearam o centro e os principais acessos a Otava, mas chegou a queixar-se de falta de recursos para atender a uma manifestação da magnitude daquela que atirou a cidade para o caos.
Citada pela Reuters, Diane Deans, responsável pela direcção do Serviço de Polícia de Otava, diz que se tratou de uma “separação por mútuo acordo”.
Na hora da despedida, Sloly garantiu, ainda assim, que fez tudo para evitar que a chamada “Caravana da Liberdade” (“Freedom Convoy”, no original) pusesse em causa a segurança da capital.
“Foi uma jornada difícil, mas estou incrivelmente orgulhoso daquilo que conseguimos. Desde o início desta manifestação que fiz tudo o que era possível para manter esta cidade segura e para por fim a esta crise imprevisível e sem precedentes”, afirmou Sloly, num comunicado, partilhado no Twitter.
“Estou confiante que o Serviço de Polícia de Otava está agora mais bem posicionado para acabar com esta ocupação”, afiançou.
Nesta quarta-feira ainda havia entre 400 a 500 camiões estacionados no centro de Otava. A cidade permanece em estado de emergência, depois de ter estado “fora de controlo” e “sitiada” há cerca de uma semana.
Na segunda-feira, porém, e para responder aos bloqueios noutras cidades do país e, principalmente, na ponte Ambassador – que liga a cidade de Detroit, no estado norte-americano do Michigan, à cidade canadiana de Windsor, na província do Ontário –, o primeiro-ministro, Justin Trudeau, invocou os poderes federais de emergência.
Estes poderes – que não eram utilizados desde 1970 – permitem que as autoridades proíbam as manifestações e bloqueios, congelem as contas bancárias dos manifestantes, suspendam as licenças de condução dos camionistas e deitem abaixo as páginas de Internet que estão a reunir fundos para apoiar um movimento que recusa a obrigatoriedade da vacina para os camionistas que cruzam frequentemente a fronteira com os EUA e cujos moldes de protesto alastraram a outros países, como a Austrália, a Nova Zelândia e, como menor impacto, a França e a Bélgica.
Trudeau diz que o Canadá “precisa que a polícia tome as rédeas e que utilize a Lei de Emergências para impor a ordem”. “Demos novos poderes à polícia e precisamos que actue já”, apelou.