GNR investiga descarga ilegal de água em ribeira e morte de ovelhas no Alentejo
As ovelhas morreram depois de alegadamente terem bebido água “contaminada” da ribeira de Figueira dos Cavaleiros, onde tinha sido feita uma descarga ilegal de águas-ruças, que resultam da extracção de azeite.
Mais de 20 ovelhas terão morrido envenenadas depois de alegadamente terem bebido água de uma ribeira onde foi feita uma descarga ilegal de águas-ruças no concelho de Ferreira do Alentejo e a GNR está a investigar os casos.
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Mais de 20 ovelhas terão morrido envenenadas depois de alegadamente terem bebido água de uma ribeira onde foi feita uma descarga ilegal de águas-ruças no concelho de Ferreira do Alentejo e a GNR está a investigar os casos.
Vinte e três ovelhas apareceram mortas entre os dias 31 de Janeiro e 10 deste mês, em duas explorações pecuárias no concelho de Ferreira do Alentejo, no distrito de Beja disse hoje à agência Lusa o comandante do Destacamento Territorial de Aljustrel da GNR, o capitão José Portugal.
Trata-se das explorações Herdade do Castelo Ventoso e Herdadinha, situadas na União de Freguesias de Ferreira do Alentejo e Canhestros, precisou, referindo que a GNR está “a fazer as diligências necessárias” para apurar a causa da morte dos animais.
“Ainda não se sabe ao certo o que terá causado” a morte das ovelhas, mas os relatórios das necropsias feitas a alguns dos animais referem que morreram devido a “envenenamento por uma substância negra”, indicou o comandante.
Em declarações hoje à Lusa, o arrendatário das herdades, Luís Couraça, disse que as ovelhas eram na maioria suas e também de um empregado seu.
Luís Couraça referiu suspeitar que as ovelhas morreram depois de alegadamente terem bebido água “contaminada” da ribeira de Figueira dos Cavaleiros, onde tinha sido feita uma descarga ilegal de águas-ruças, que são águas residuais resultantes da extracção de azeite.
“Não sabia da descarga, ninguém me alertou”, lamentou o arrendatário, referindo que a ribeira passa pelas duas herdades e as ovelhas iam lá beber.
Ao início, “morreram duas ovelhas, não desconfiei, mas, depois, quando começaram a morrer com mais intensidade, achei estranho e chamei o veterinário”, explicou Luís Couraça.
O veterinário fez necropsias a algumas das ovelhas e os relatórios, enviados à GNR, referem que “morreram por envenenamento”, indicou Luís Couraça, frisando que, entretanto, ficou a saber da descarga ilegal na ribeira onde os animais bebiam.
Até hoje, foram encontradas 23 ovelhas mortas e cerca de 10 estão desaparecidas, precisou Luís Couraça.
O capitão José Portugal disse à Lusa que a GNR também está a investigar a descarga ilegal de águas-ruças na ribeira de Figueira dos Cavaleiros, a qual foi denunciada no passado dia 26 de Janeiro.
Segundo o comandante, após a descarga e antes de começarem a aparecer ovelhas mortas, a GNR pediu à Agência Portuguesa do Ambiente (APA), a entidade competente, para analisar a água da ribeira.
Questionado pela Lusa sobre se pode haver relação entre os casos da descarga ilegal na ribeira e a morte das ovelhas, José Portugal respondeu: “Não sabemos”. O comandante frisou que a GNR aguarda o relatório da análise da APA para, juntamente com os resultados de outras diligências, poder apurar a causa da morte das ovelhas.
Questionada pela Lusa, a APA informou que a sua competência “relaciona-se com a avaliação da qualidade da água do meio hídrico onde os animais terão abeberado”.
“Caso seja identificada uma alteração da qualidade da água, face aos valores normais para uma água superficial, será pesquisada a possível origem para esta degradação”, refere a APA.
Contactado pela Lusa, o presidente da Câmara de Ferreira do Alentejo, Luís Pita Ameixa, disse que a autarquia, por se tratar de assuntos que não são da sua competência, não foi informada oficialmente dos casos, mas já pediu esclarecimentos à APA.