Príncipe André chega a acordo com Virginia Giuffre em caso de abusos sexuais
O filho de Isabel II irá pagar uma indemnização à advogada norte-americana, cujo valor permanece confidencial.
A batalha legal entre o príncipe André e Virginia Giuffre, a mulher que o acusava de abusos sexuais, parece ter chegado ao fim. O filho de Isabel II e a advogada de 38 anos terão chegado a um acordo, segundo documentos do tribunal a que o New York Times teve acesso. Os termos do acordo não são públicos e desconhece-se o valor que o príncipe terá de pagar à queixosa. Recorde-se que, graças ao escândalo de abusos sexuais, o filho da rainha não só deixou de ter deveres reais, como também perdeu, em Janeiro deste ano, o título de “alteza real” e as honras militares.
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A batalha legal entre o príncipe André e Virginia Giuffre, a mulher que o acusava de abusos sexuais, parece ter chegado ao fim. O filho de Isabel II e a advogada de 38 anos terão chegado a um acordo, segundo documentos do tribunal a que o New York Times teve acesso. Os termos do acordo não são públicos e desconhece-se o valor que o príncipe terá de pagar à queixosa. Recorde-se que, graças ao escândalo de abusos sexuais, o filho da rainha não só deixou de ter deveres reais, como também perdeu, em Janeiro deste ano, o título de “alteza real” e as honras militares.
Além do valor a ser pago a Virginia Giuffre, os advogados do duque de Iorque avançaram, em comunicado, que o príncipe pretende fazer “uma doação substancial” a uma associação que apoie “os direitos das vítimas” de abusos sexuais. Apesar de ter chegado a acordo, o príncipe André não admitiu nenhuma das acusações feitas pela queixosa. A notícia de que ambas as partes chegaram a um consenso surge umas semanas antes da data em que André deveria ser chamado a depor, respondendo, sob juramento, às questões feitas pelos advogados de Giuffre.
No comunicado desta terça-feira, a equipa legal do príncipe aproveitou para sublinhar, uma vez mais, que André “lamenta a sua associação com Jeffrey Epstein”, já que, “como se sabe”, o magnata financeiro “traficou inúmeras jovens ao longo dos anos”. O duque de Iorque “elogia”, ainda, “a coragem de Giuffre e das outras sobreviventes de se defender a si mesmas”.
Os elogios agora feitos por André a Virginia Giuffre contrastam com as várias tentativas feitas pelos seus advogados para anular as acusações e descredibilizar a queixosa. Primeiro, pretendiam arquivar o caso por Virginia Giuffre residir fora dos Estados Unidos. Mais recentemente, no início de Janeiro, a defesa lembrou um acordo de 2009 celebrado entre a advogada norte-americana e Jeffrey Epstein, que protegia quaisquer possíveis envolvidos. Porém, agora, o duque de Iorque assegura que nunca teve intenção de “denegrir o carácter” da queixosa e “reconhece que esta possa ter sofrido tanto como vítima de abusos sexuais, como pelos injustos ataques públicos”.
O terceiro filho de Isabel II tem negado constantemente todas as acusações da advogada. Na polémica entrevista dada à BBC, em 2019, sobre o envolvimento com Jeffrey Epstein, afirmou não se lembrar de ter conhecido a jovem que, então, era menor de idade. Mesmo quando lhe foi apresentada uma fotografia que o mostrava ao lado da rapariga ─ incluída como prova na queixa ─, o duque disse simplesmente que não se lembrava do momento. “Posso dizer categoricamente, com toda a certeza, que nunca aconteceu”, assegurou à BBC. “Não me lembro de alguma vez ter conhecido essa senhora”, garantiu.
Em Agosto de 2021, Virginia Giuffre acusou formalmente o príncipe André de abusos sexuais. Na queixa apresentada em tribunal, dizia que o filho de Isabel II a teria obrigado a ter relações sexuais, em Londres, na casa da socialite britânica e amiga próxima de Jeffrey Epstein, Ghislaine Maxwell (entretanto condenada por aliciar menores). Os abusos também terão ocorrido na mansão do magnata norte-americano em Manhattan e na ilha privada de Epstein nas Ilhas Virgens, EUA. A queixa diz que Virginia, então com 17 anos, foi “compelida” por Epstein, Maxwell e por André, através de “ameaças directas ou implícitas”, a ter relações sexuais com o duque de Iorque.
O caso de abusos sexuais tem abalado a monarquia inglesa (mesmo em tempo de festa, com Isabel II a celebrar o jubileu de platina, depois de 70 anos no trono). Face à pressão que vinha a sentir, a monarca retirou os títulos reais ao segundo filho ─ que se diz ser o seu favorito ─, assegurando também que não seria a Coroa a pagar o processo legal a decorrer nos Estados Unidos. “O duque de Iorque continuará a não assumir qualquer função pública e está a defender-se neste caso como um cidadão comum”, lembrava o palácio real.
Além disso, o escândalo teve ainda impacto na vida das filhas do príncipe. Se Eugenie teve direito a um casamento real como os seus primos William e Harry, o casamento de Beatrice, a filha mais velha de André, foi realizado numa cerimónia privada, em Windsor, em Julho de 2020. Beatrice, décima na linha de sucessão ao trono britânico, casou-se com Edoardo Mapelli Mozzi, um magnata do negócio imobiliário, depois de terem namorado durante dois anos.
O príncipe é avô de duas crianças: August Philip, filho de Eugenie, nascido a 9 de Fevereiro de 2021; e Sienna Elizabeth, filha de Beatrice, nascida a 18 de Setembro passado. Até à data, Isabel II tem oito netos e 12 bisnetos.