Sindicato contesta CGD e diz que salário mais baixo é de 876 euros e não de 1359 euros

A maior estrutura sindical da Caixa acusa administração liderada por Paulo Macedo de anunciar um valor que “não passa de uma grosseira mistificação da realidade”.

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Sindicato acusa administração da Caixa, liderada por Paulo Macedo, de querer responsabilizar trabalhadores pelo aumento de comissões LUSA/Manuel Almeida

O Sindicato dos Trabalhadores das Empresas do Grupo CGD (STEC) refutou esta terça-feira que o salário mais baixo na Caixa Geral de Depósitos (CGD) seja de 1359 euros, conforme avançado recentemente pela administração do banco, contrapondo que se situa nos 876 euros brutos.

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O Sindicato dos Trabalhadores das Empresas do Grupo CGD (STEC) refutou esta terça-feira que o salário mais baixo na Caixa Geral de Depósitos (CGD) seja de 1359 euros, conforme avançado recentemente pela administração do banco, contrapondo que se situa nos 876 euros brutos.

“Dado que não existem trabalhadores nos níveis 1 e 2, então deve considerar-se que, actualmente, o salário mínimo na CGD é a remuneração indicada para o nível 3 – 876 euros brutos!”, sustenta o sindicato em comunicado, acusando o banco liderado por Paulo Macedo de anunciar um valor que “não passa de uma grosseira mistificação da realidade”.

Na passada sexta-feira, tendo em conta o acordo de revisão das tabelas salariais, relativas aos anos de 2021 e 2022, a administração do banco público anunciou, em comunicado, que “aumentou o salário mínimo aos trabalhadores nos quadros para 1359 euros”, acrescentando que “este aumento coloca a remuneração mínima oferecida pelo banco aos seus colaboradores substancialmente acima daquele que é o vencimento médio a nível nacional”. A nota oficial refere ainda que “o salário mínimo pago aos colaboradores da Caixa, de 1.359,03 euros (incluindo subsídio de alimentação), reforça ainda mais o salário médio dos trabalhadores que estão nos quadros da Caixa que ascende a 2462 euros”.

O STEC contesta a inclusão do subsídio de refeição no valor do salário mais baixo praticado na instituição, considerando que “obviamente não é correcto, por duas razões, uma porque o salário mínimo não integra o subsídio de almoço, e a outra é porque o subsídio de almoço não é pago 14 vezes por ano, e amiúde… nem tem o mesmo valor mensal!”.

Apresentando-se como “o sindicato destacadamente mais representativo dos trabalhadores da CGD”, o STEC diz que vem “clarificar” a informação divulgada, garantindo que “todos aqueles que trabalham ou trabalharam na CGD sabem, infelizmente, que esta notícia não traduz a verdade dos factos”, mas “pretende apenas induzir na opinião pública a ideia de que o trabalhador da CGD é um privilegiado”. A estrutura sindicação diz que a informação salarial pode ser consultada na sua página na Internet.

“O presidente da CE [comissão executiva] quer fazer crer que o acordo de empresa em vigor na CGD é altamente favorável para os trabalhadores, como se tal constituísse um enorme delito, procurando passar a ideia que aquele que trabalha e exerce funções mais ou menos indiferenciadas deve receber o mínimo possível, sendo condenado eternamente a uma situação de penúria”, lê-se no comunicado.

Segundo o sindicato, “se a administração da CGD divulgar os seus honorários mensais e anuais, algo que, por certo, a opinião pública gostaria de saber”, é possível “que se chegue a essa conclusão”, já que “esta é a administração mais bem paga de toda a história da CGD”.

A estrutura sindical acusa ainda a gestão de pretender, “transferir para os trabalhadores o ónus do aumento das comissões, para garantir o pagamento dos seus ‘principescos salários’, não é sério!”.

Depois de vários meses de negociação, com a Caixa a propor inicialmente uma actualização de 0,4% e os sindicatos de 1,5%, foram acordados aumentos, em média, de 0,9% em 2021 (com efeitos retroactivos) e de 0,92% para 2022.

De acordo com a informação disponibilizada pelos sindicatos, o aumento relativo a 2021 será de 16 euros até ao nível 11 da tabela salarial e de 0,5% nos níveis seguintes. Já em 2022, haverá um aumento de 18 euros até ao nível 11 da tabela salarial e de 0,3% nos níveis seguintes.

A CGD apresentou os resultados de 2021 na passada sexta-feira, tendo atingido um resultado líquido de 583 milhões de euros, valor que representa uma subida de 18,7% em relação aos lucros de 492 milhões que tinham sido alcançados no ano anterior.