Militares guineenses andam pela calada da noite a fazer buscas em casas particulares
As operações visam encontrar armas e eventuais feridos do ataque ao Palácio do Governo do dia 1 de Fevereiro. Defensores de Direitos Humanos denunciam as queixas de “situações incómodas”.
As Forças de Defesa e Segurança da Guiné-Bissau têm em marcha “desde a semana passada” operações de busca e revista em casas particulares em Bissau para encontrar armas de uso militar, disse à Lusa fonte do Estado-Maior General.
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As Forças de Defesa e Segurança da Guiné-Bissau têm em marcha “desde a semana passada” operações de busca e revista em casas particulares em Bissau para encontrar armas de uso militar, disse à Lusa fonte do Estado-Maior General.
O presidente da Rede de Defensores dos Direitos Humanos na Guiné-Bissau, o jurista Fodé Mané, denunciou que várias pessoas se têm vindo a queixar de “situações incómodas” nas suas residências no momento das revistas. Fala ainda em “abusos por parte dos agentes” das forças de ordem.
Uma das pessoas que denunciou estas buscas ad hoc sem qualquer ordem judicial foi a advogada e deputada do PAIGC Maimuna Silá (ou Silla), sobrinha do escritor Abdulai Silá, que num texto nas redes sociais, na madrugada de sábado, denunciava que actualmente no país reina uma só lei: “Manda quem pode e obedece quem for esperto e tiver bastante juízo”.
“É 1h03 e acabam de sair da minha casa homens fortemente armados, alegadamente a fazer buscas”, escreveu a deputada, “escusado será dizer que não apresentaram qualquer mandado de busca e apreensões”. A antiga presidente do Instituto da Mulher e da Criança diz que pediu aos militares que lhe mostrassem o documento e estes limitaram-se a dizer que “as ordens tinham vindo do Estado-Maior”.
“A ordem que foi dada aos elementos que participam nessas operações foi bater à porta, anunciar, entrar e revistar, sem causar problemas a ninguém”, explicou a fonte do Estado-Maior General das Forças Armadas guineenses à Lusa. Acrescentou ainda que as operações são desenvolvidas por militares do batalhão do Exército, da Marinha e da Força Aérea, bem como elementos da Guarda Nacional que também tentam encontrar “eventuais feridos” do ataque ao palácio do Governo no passado dia 1 de Fevereiro.
Neste dia, homens armados atacaram o Palácio do Governo da Guiné-Bissau, onde decorria um Conselho de Ministros, com a presença do Presidente da República, Umaro Sissoco Embaló, e do primeiro-ministro, Nuno Nabiam, e de que resultaram 11 mortos.
O Presidente guineense considerou tratar-se de uma tentativa de golpe de Estado e apontou o ex-chefe da Marinha José Américo Bubo Na Tchuto, Thamy Yala, também ex-oficial e Papis Dejemé como os principais responsáveis. Os três homens foram presos em Abril de 2013 por agentes da agência antidroga norte-americana (DEA) a bordo de um barco em águas internacionais na costa da África Ocidental e cumpriram pena de prisão nos Estados Unidos. Encontram-se agora detidos, segundo o Presidente.