Bruxelas a postos para repelir a “Caravana da Liberdade” e os protestos contra as restrições sanitárias

Autoridades belgas querem evitar bloqueio semelhante ao de Otava, no Canadá, e vão limitar entrada e circulação de automóveis na cidade. Em Paris foram detidas 97 pessoas que desafiaram a proibição do protesto durante o fim-de-semana.

Foto
Polícia belga está mobilizada para responder aos protestos em Bruxelas YVES HERMAN/Reuters

Centenas de manifestantes anti-vacinas contra a covid-19 e anti-restrições sanitárias, inspirados no “Freedom Convoy” (“Caravana da Liberdade”), o movimento de protesto que causou bloqueios e enormes disrupções no Canadá, podem chegar esta segunda-feira a Bruxelas, capital da Bélgica e sede do poder institucional da União Europeia.

A verdade faz-nos mais fortes

Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.

Centenas de manifestantes anti-vacinas contra a covid-19 e anti-restrições sanitárias, inspirados no “Freedom Convoy” (“Caravana da Liberdade”), o movimento de protesto que causou bloqueios e enormes disrupções no Canadá, podem chegar esta segunda-feira a Bruxelas, capital da Bélgica e sede do poder institucional da União Europeia.

Apesar de as autoridades belgas terem proibido o protesto e mobilizado centenas de agentes policiais para o efeito, no domingo à noite já se tinham reunido cerca de 1300 veículos, incluindo centenas de camiões, na cidade francesa de Lille, perto da fronteira com a Bélgica.

Vindos de Paris, onde também está em vigor uma ordem de proibição dos protestos e onde, durante o fim-de-semana, foram levadas a cabo pelo menos 97 detenções e passadas dezenas de multas – foi também utilizado gás lacrimogéneo, pela polícia francesa, para dispersar as pessoas –, os manifestantes organizaram-se através das redes sociais e pretendem juntar-se a outros grupos oriundos de diferentes Estados membros da UE no Parc du Cinquantenaire, na região Ocidental de Bruxelas.

Até ao momento, porém, a situação está bastante tranquila em Bruxelas e não há relatos de grandes ajuntamentos. Na rotunda de Schuman, onde se localizam as sedes da Comissão Europeia e do Conselho da UE, e que é o suposto destino da caravana, uma discreta operação policial faz o controlo do trânsito – as viaturas com matrícula estrangeira estão a ser paradas, com os condutores a serem inquiridos sobre os motivos da sua deslocação.

Citada pelo site Politico, Annelies Verlinder, ministra do Interior da Bélgica, assegura que as autoridades belgas estão a “fazer todos os possíveis para evitar que Bruxelas seja bloqueada”, à semelhança do que aconteceu em Otava e junto à fronteira mais movimentada entre o Canadá e os Estados Unidos.

A polícia belga está distribuída pelos principais acessos rodoviários a Bruxelas para limitar e proibir a entrada de veículos não autorizados no centro da cidade. O plano é reencaminhar os camiões e carrinhas para um parque de estacionamento com capacidade para 10 mil veículos, localizado a dez quilómetros do centro da capital, junto ao parque de exposições de Heysel.

Philippe Close, presidente da câmara de Bruxelas, disse esta manhã à rádio RTBF que foram identificados “entre 400 e 500 veículos (…), carros, autocaravanas e pequenos camiões” e que cerca de 30 “foram interceptados”.

Estão ainda em vigor multas e penalizações variadas para aqueles que incumprirem as regras.

Apesar de garantirem que estão a postos para neutralizar o protesto, as autoridades belgas têm pela frente um enorme e imponderável desafio: por terem sido convocadas nas redes sociais e em chats privados, e por envolverem diferentes grupos e causas de contestação, é muito difícil saber exactamente quantas pessoas vão aparecer nesta segunda-feira em Bruxelas.

A “Caravana da Liberdade” nasceu no Canadá e encara a oposição à vacinação contra a covid-19 e às restrições sanitárias como uma luta pela defesa das liberdades individuais. O modelo de protestos – assente no bloqueio de estradas e dos principais acessos a cidades e postos fronteiriços – já foi copiado em países como a Austrália e a Nova Zelândia.