Lagarde defende euro digital “sem riscos” para compras online e novas notas após 2024

A criação de um euro digital tem vindo a ser estudada há vários meses pelo banco central.

Foto
Christine Lagarde, presidente do BCE, promete envolvimento dos cidadãos no redesenho de novas notas EPA/JULIEN WARNAND

A presidente do Banco Central Europeu (BCE), Christine Lagarde, defendeu esta segunda-feira a criação de um euro digital “sem riscos” para transacções como pagamentos online, apoiando também a aposta no numerário, com novas notas a serem aprovadas em 2024.

A verdade faz-nos mais fortes

Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.

A presidente do Banco Central Europeu (BCE), Christine Lagarde, defendeu esta segunda-feira a criação de um euro digital “sem riscos” para transacções como pagamentos online, apoiando também a aposta no numerário, com novas notas a serem aprovadas em 2024.

“No ano passado, lançámos o projecto do euro digital. Vamos investigar como é que o euro digital poderia oferecer um meio de pagamento conveniente e sem custos, permitindo que as pessoas paguem em qualquer parte da zona euro com dinheiro digital sem riscos, por exemplo, ao efectuar pagamentos online, que impedem a utilização de numerário”, declarou a responsável.

Intervindo na sessão plenária do Parlamento Europeu, num debate sobre o 20º aniversário do euro, na cidade francesa de Estrasburgo, Christine Lagarde vincou que, “em qualquer caso, um euro digital complementaria o numerário, não o substituiria”.

“Foi também por esta razão que lançámos o processo de redesenho das nossas notas”, acrescentou.

De acordo com a líder do BCE, “o redesenho faz parte de um processo de desenvolvimento a longo prazo para assegurar que a próxima geração de notas de euro continuará a ser segura, aceite e um meio de pagamento eficiente”.

“Manteremos o Parlamento informado ao longo de todo o processo e procuraremos obter contributos dos cidadãos sobre o tema e o desenho das novas notas, antes de tomarmos a nossa decisão final em 2024”, apontou, assegurando que o lançamento na zona euro “será planeado”.

“O redesenho das nossas notas é uma oportunidade única de as tornar mais acessíveis aos europeus de todas as idades e origens, oferecendo assim um novo símbolo da integração europeia”, adiantou Christine Lagarde.

A criação de um euro digital tem vindo a ser estudada há vários meses pelo banco central, sendo que a estrutura ainda não tomou qualquer decisão sobre o assunto.

Um euro digital seria uma forma electrónica de moeda única acessível a todos os cidadãos e empresas – tal como as notas de euro, mas em formato digital –, permitindo por exemplo realizar pagamentos diários.

Funcionaria, então, como um complemento às notas e moedas de euro sem as substituir.

Uma moeda digital é um activo semelhante ao dinheiro que é armazenado ou trocado através de sistemas online, sendo que no caso do euro seria gerida pelo banco central.

Adoptado por 19 Estados-membros da União Europeia, o euro está em circulação há 20 anos e é a segunda moeda mais utilizada ao nível mundial nos pagamentos globais.

Dados do BCE revelam que, entre 1990 e 2002, o comércio entre os 19 países do euro registou subidas inferiores a 5%, passando depois a crescer 200% após a introdução da moeda única.