Casas vazias, nómadas digitais, arrendamento, venda: o AL à espera do regresso dos turistas
Durante os dois anos de pandemia, em Lisboa e Porto, o Alojamento Local parece ter estagnado ou até diminuído. Com quebras superiores a 55%, o sector procurou alternativas nos nómadas digitais que escolhem as duas cidades para passar alguns meses. Enquanto no litoral se espera a recuperação já este ano, foi no interior que os novos registos mais cresceram nos últimos dois anos.
Cristina Azevedo põe-se à porta do restaurante na Rua dos Remédios, no bairro histórico de Alfama, em Lisboa, a cumprimentar os turistas que passam, acenando-lhes com a carta e convidando-os a entrar para experimentar alguma iguaria. Ela anima-se com algum movimento, depois dos meses duros de pandemia. “Há sempre alguém”, diz Cristina, que perdeu o trabalho de recepcionista numa pensão da Rua São João da Praça, que “não aguentou o impacto” da pandemia. Mas, a meras ruas de distância, o cenário é mais desanimador. Na sua loja de artesanato, Mafalda Costa lamenta a falta da correria de outros tempos num bairro hoje “completamente parado”. O restaurante da frente fechou, assim como outros estabelecimentos, levando dali o movimento habitual. “É outro mundo. O bairro perdeu vida”, diz a lojista que ali tem o negócio há oito anos.