Embarcação com 800 anos descoberta na Suécia

Está entre os navios comerciais mais antigos encontrados na Europa. Naufragou ao largo da ilha de Dyngö.

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Representação de uma coga datada de 1329 dr

Uma equipa de arqueólogos subaquáticos da Universidade de Gotemburgo localizou na costa ocidental da Suécia uma embarcação destinada ao comércio que terá naufragado há oito séculos.

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Uma equipa de arqueólogos subaquáticos da Universidade de Gotemburgo localizou na costa ocidental da Suécia uma embarcação destinada ao comércio que terá naufragado há oito séculos.

A notícia avançada pelo diário espanhol ABC, citando um comunicado daquela universidade, refere que o tipo de navio em causa uma coga, equivalente a uma nau, mas de construção nórdica era comum na Idade Média e vem referido com frequência na documentação ligada à Liga Hanseática, uma aliança de cidades mercantis alemãs ou sob influência alemã que teve uma presença dominante no norte da Europa entre os séculos XII e XVII.

Staffan von Arbin, responsável por esta descoberta feita na ilha de Dyngö, na costa de Bohuslän, assegura que a embarcação vem sublinhar a importância que a região teria no comércio marítimo internacional neste período em que reinos como o português procuraram – e encontraram – rotas alternativas, fugindo aos monopólios do norte do continente europeu.

“O navio naufragado é feito de madeira de carvalho cortada entre 1233 e 1240”, diz este arqueólogo da Universidade de Gotemburgo, na Suécia, no comunicado que o PÚBLICO consultou online. Explica Von Arbin que a datação da madeira foi feita com recurso à dendrocronologia, uma técnica que se baseia na análise dos anéis de crescimento das árvores, que neste caso serão originárias do noroeste da Alemanha.

Atacada por piratas?

A coga é um tipo de navio que surgiu no século X e se vulgarizou no norte da Europa do século XII em diante. Geralmente construídas em madeira de carvalho, abundante na região báltica, estas embarcações tinham por regra entre 15 e 25 metros de comprimento, podendo as maiores transportar até 200 toneladas de carga.

A secção de casco sobrevivente da que naufragou junto à ilha de Dyngö tem cerca de dez metros de comprimento e cinco de largura, mas a equipa sueca acredita que, na origem, teria 20 metros de comprimento.

Os arqueólogos não sabem ainda, e talvez nunca venham a saber, por que motivo se afundou. Para já podem dizer que o que resta da embarcação naufragada parece apontar para a possibilidade de ter estado envolvida num confronto com outro ou outros navios, já que há vestígios de fogo.

“Terá sido atacado por piratas?”, pergunta-se Staffan von Arbin, justificando em seguida a suposição: “As fontes escritas dizem-nos que a costa sul da Noruega [Bohuslän pertenceu à Noruega até 1658], incluindo Bohuslän, teve períodos de intensa actividade de pirataria durante a Idade Média.”

Esta hipótese, naturalmente, não afasta outras: pode ter havido um incêndio a bordo quando a embarcação estava ancorada ou ter ido ao fundo na sequência de uma batalha, já que o século XII norueguês está carregado de lutas pelo poder.

Staffan von Arbin, o arqueólogo subaquático citado, tenciona voltar ao local do naufrágio para aprofundar a investigação feita no decurso do trabalho de campo para a sua tese de doutoramento, em que se debruçou sobre a geografia do transporte marítimo na Idade Média na costa de Bohuslän. Futuros mergulhos carecem, para já, de financiamento.

Notícia corrigida às 17h30: A Universidade de Gotemburgo fica na Suécia e não na Alemanha, como escrevemos.