A matemática precisa de mulheres
É importante salientar que também na matemática existem e existiram mulheres que deram um enorme e importantíssimo contributo nesta área, por exemplo, Marie-Sophie Germain e Amalie Emmy Noether.
Esta sexta-feira é celebrado o Dia Internacional das Mulheres e Raparigas na Ciência. É importante salientar que também na matemática existem e existiram mulheres que deram um enorme e importantíssimo contributo nesta área, por exemplo, Marie-Sophie Germain e Amalie Emmy Noether, ambas rejeitadas pela comunidade científica por serem mulheres.
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Esta sexta-feira é celebrado o Dia Internacional das Mulheres e Raparigas na Ciência. É importante salientar que também na matemática existem e existiram mulheres que deram um enorme e importantíssimo contributo nesta área, por exemplo, Marie-Sophie Germain e Amalie Emmy Noether, ambas rejeitadas pela comunidade científica por serem mulheres.
Marie-Sophie Germain foi uma matemática francesa, nascida em 1776. Manifestou muito precocemente o interesse nesta área, quando tinha apenas 13 anos, aquando da Tomada da Bastilha em França. O ambiente revolucionário e de guerra existente na altura levou a um confinamento da população forçando Germain a permanecer em casa, focando a sua atenção na biblioteca do seu pai onde descobriu a grande obra de Jean-Étienne Montucla, L'Histoire des Mathématiques. Fascinada por este tema, leu mais livros sobre matemática, aprendeu Latim e Grego e teve até capacidade para estudar os trabalhos dos brilhantes matemáticos Sir Isaac Newton e Leonhard Euler. Os pais de Sophie Germain não aprovaram este interesse pela área uma vez que o seu estudo era considerado inapropriado para uma mulher.
Quando Germain completou 18 anos, abriu a École Polytechnique, uma das melhores faculdades de França. De novo foi impedida de se inscrever, mas conseguiu ter acesso aos apontamentos das aulas e iniciou a troca de correspondência com Joseph Louis Lagrange, na altura membro desta faculdade, usando o nome falso “Monsieur Le Blanc”. Lagrange ficou impressionado com a inteligência de Germain e sugeriu que se encontrassem presencialmente, forçando-a a revelar a sua verdadeira identidade. Também estabeleceu contacto com outro grande matemático, Carl Friedrich Gauss, o que a levou a interessar-se por uma área em particular da matemática, a teoria dos números, dando nome aos números primos de Sophie Germain. Os seus interesses foram multidisciplinares, passando também pela Física onde desenvolveu a teoria da elasticidade.
Amalie Emmy Noether foi uma matemática alemã, nascida em 1882, que não se distinguiu dos demais durante a juventude; contudo, já nesta altura demonstrou uma astúcia lógica e matemática notáveis. Quando completou a maioridade, entrou na Universidade de Erlangen, porém, tal como Germain, sofreu com o preconceito de ser uma mulher nas ciências e apenas lhe foi permitido assistir às aulas não podendo participar nas mesmas. Apesar destas dificuldades, conseguiu graduar-se em 1903 e estar durante um semestre na Universidade de Gottingen, onde conheceu, entre outros, o astrónomo Karl Schwarzschild e o matemático David Hilbert.
Regressou posteriormente a Erlangen, onde se focou exclusivamente em Matemática e escreveu a sua dissertação. Apesar das dificuldades, foi convidada para ser professora mas não seria paga pelo cargo. Demonstrou, por esta altura, o Teorema de Noether, de grande importância para a Matemática Física. Com o fim da Primeira Guerra Mundial, as atitudes sociais e culturais em torno da capacidade das mulheres para as ciências começaram a mudar positivamente e Noether começou a ter o reconhecimento merecido pelo seu trabalho. Apesar do Teorema de Noether supra-referido ter sido muito importante, é na álgebra abstracta, onde desenvolveu a teoria de anéis e de corpos, que ela prestou enormes contributos à Matemática.
A coragem e persistência demonstradas por Germain e Noether mostram que não é o género que determina o sucesso no que se faz e que a diversidade beneficia a investigação em matemática e ajuda a produzir melhores resultados.