Pedido da EDP para controlo de visitas no Alto Lindoso motiva galegos a exigir pagamento de imposto
A antiga aldeia de Aceredo, na barragem do Alto Lindoso, na Galiza, tem atraído milhares de visitantes nas últimas semanas. A EDP, concessionária da central hidroeléctrica, solicitou aos autarcas que tomassem medidas para evitar as idas ao local. Autarcas rejeitam e exigem à eléctrica o pagamento de um imposto.
A EDP está a pedir aos autarcas das localidades de Lóbios e Entrimo (Ourense, Galiza), a restrição de visitas à antiga aldeia Aceredo, emersa nos últimos meses devido ao baixo caudal de água na central hidroeléctrica de Alto Lindoso, mas a solicitação não tem tido correspondência.
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A EDP está a pedir aos autarcas das localidades de Lóbios e Entrimo (Ourense, Galiza), a restrição de visitas à antiga aldeia Aceredo, emersa nos últimos meses devido ao baixo caudal de água na central hidroeléctrica de Alto Lindoso, mas a solicitação não tem tido correspondência.
Ao PÚBLICO, o alcaide de Entrimo, Rámon Alonso, justifica a posição por entender que a barragem, cuja maioria da área está em território espanhol, “é propriedade privada” da EDP: “A EDP solicitou-nos medidas para evitar que o local fosse visitado mas essa questão não nos cabe a nós. A barragem é deles e parece-me claro que é a concessionária quem deve tomar conta do lugar.” À eléctrica, o alcaide reforça ainda a exigência, reivindicada há mais de uma década, do pagamento do IBI (Imposto sobre Bienes Inmuebles), correspondente ao IMI, imposto do qual a empresa portuguesa está isenta de pagar ao abrigo de um acordo assinado por Franco e Salazar na década de 1960. “Há muito tempo que a empresa tem rendimentos económicos altíssimos graças à barragem, os quais não revertem a favor dos dois concelhos. Não há a compensação económica devida”, sublinha.
O autarca revela que, nas duas últimas semanas, o povoado de Aceredo atraiu “um número de pessoas nunca antes visto, talvez milhares”, existindo um “um risco claro de segurança” no local devido à elevada procura. No passado domingo, de acordo com o jornal digital O Minho, um jovem português terá mesmo partido a perna no local. “São construções que estão debaixo de água há muitos anos e o risco deve ser acautelado pela empresa que explora a barragem”, reafirma Rámon Alonso.
A homóloga de Lóbios, Maria Carmen Yáñez, destacou recentemente, ao jornal Praza.gal, que a chegada de milhares de pessoas às duas localidades tem contribuído para os turistas “visitarem outras zonas do concelho além de Aceredo”, mas para o alcaide de Entrimo a procura, apesar de “favorável”, é um fenómeno “pontual, que vai durar pouco tempo”. Lamenta, por isso, que o baixo caudal de água na albufeira “impossibilite qualquer prática aquática desportiva ou lúdica”.
“Caudal está igual há quinze dias”
No passado dia 1 de Fevereiro, em virtude da seca, o Governo impôs a suspensão da produção hidroeléctrica na bacia hidrográfica do Lima, correspondente às barragens de Alto Lindoso e Touvedo. De acordo com o mais recente relatório da APA, o volume de armazenamento da albufeira de Lindoso mantém-se inalterado desde a última actualização de 31 de Janeiro, estando nos 15%. Já na albufeira de Touvedo, situada 14 quilómetros a jusante, o volume de armazenamento baixou 2%, estando agora nos 72%. A média da bacia do Lima, que junta as duas albufeiras, apresenta um valor de 17,5%, muito abaixo da média de 65,1%. O alcaide de Entrimo não estranha os valores e revela que, apesar das medidas do Governo português, “se percebe, visualmente, que o caudal está igual há quinze dias”.
Ao PÚBLICO, fonte oficial da EDP escusa-se a comentar as afirmações do alcaide, referindo apenas que “não tem comentários adicionais sobre estas questões”.